“A Verde para Sempre não está à venda.” Essa é a mensagem em uma placa
que as comunidades extrativistas da Reserva Extrativista (Resex) Verde
para Sempre e o Greenpeace deixaram ontem dentro da unidade de
conservação federal, localizada em Porto de Moz, no Pará.
Hoje 20 barcos se atracaram em uma
“assembleia flutuante” ao navio Rainbow Warrior, que está no município,
para pedir ao governo federal que leve adiante a regularização fundiária
da reserva.
Isso porque, depois de sua criação, a
Resex Verde para Sempre não foi realmente implementada e a regularização
fundiária emperrou. Ela ainda não tem plano de manejo, os extrativistas
ainda não receberam um documento de concessão de uso da terra e
fazendeiros e madeireiros continuam ali, não sendo desapropriados como
prega a lei.
Um exemplo da bagunça é o caso da
fazenda Amapá. Contra tudo o que a lei fala, um pedaço da reserva foi
posta a leilão no ano passado por um juiz da região, para pagar uma
dívida de R$ 8 mil de uma madeireira que tem uma posse de 7.200 hectares
ali dentro – o dono desta posse nenhum dos extrativistas nunca viu.
“A falta de regularização fundiária
permite que a pressão sobre as unidades de conservação permaneça. Com
isso, elas não podem cumprir seu papel de proteger a floresta e quem
depende dela para sobreviver”, diz Tatiana de Carvalho, da campanha
Amazônia do Greenpeace. “O governo federal posa de ‘amigo da natureza’ e
quer vender essa imagem na Rio+20. Mas a verdade é que o descaso toma
conta da política ambiental hoje no Brasil.”
A Resex tem quase 1,29 milhão de
hectares e fica onde o Rio Xingu encontra o Rio Amazonas. Ela foi criada
em 2004 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após uma longa
batalha das comunidades e do Greenpeace contra madeireiros locais. Em
2002, o rio que cruza a reserva foi bloqueado por barcos dos moradores,
que não deixaram balsas carregadas de madeira ilegal saírem da região.
Com a criação, as comunidades esperavam
que a pressão sobre a floresta e sobre eles mesmos reduziria. Ela
realmente caiu – como mostram os números do desmatamento da região, que
foram de 18 mil hectares em 2003 para 1.300 ha em 2011. Mas não parou.
Toras de madeira ainda são retiradas ilegalmente, como contam os
moradores da reserva.
“Não é a Dilma que está defendendo esse
planeta, é o povo da Amazônia. E esse povo foi esquecido pelo governo”,
conta Idalino Nunes de Assis, coordenador do Conselho Nacional das
Populações Tradicionais. “Somos extrativistas e não vem nada para a
gente. Negociação de escritório tem muita, mas orçamento nunca tem.
Acorda, Dilma.”
Até amanhã, amig@s !
Fonte: Greenpeace
Nenhum comentário:
Postar um comentário