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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Fotos mostram luta de Guaranis-Kaiowás por sobrevivência na beira de estradas

Uma série de fotos feitas pela fotógrafa paulistana Rosa Gauditano mostra a luta pela sobrevivência de índios Guarani-Kaiowá na beira das estradas de Mato Grosso do Sul.
 
Guerreiro Guarani Kaiowá recebe representantes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, no antigo acampamento Laranjeira, na BR 163. O grupo ainda vive em situação provisória, aguardando que a Funai identifique formalmente sua terra. Foto: Rosa Gauditano/Studio R



Há hoje mais de 30 acampamentos indígenas nas rodovias do Estado, habitados, em grande parte, por Kaiowás.
"Fazem isso por desespero, mas também como uma forma de protesto", disse a fotógrafa.
"Eu fotografo povos indígenas há 20 anos e nunca havia visto situação de penúria tão grande. O que está acontecendo no Brasil é um genocídio silencioso".
"Em algum momento, os índios, os fazendeiros, o governo e a sociedade brasileira como um todo terão de chegar a um consenso e resolver a situação desse povo. São 43 mil pessoas que precisam de sua terra para viver com dignidade".
"E se a solução é indenizar os fazendeiros que geram riqueza para o Brasil e que adquiriram a terra por meios legais, que seja".
Nas imagens, feitas ao longo dos últimos três anos, o povo da segunda maior etnia indígena brasileira também é visto acampado provisoriamente em fazendas onde há disputa pela propriedade da terra ou vivendo em reservas demarcadas - às vezes, à custa de sangue derramado.
Gauditano começou a fotografar povos indígenas no Brasil em 1991. Desde então, vem documentando a cultura de diversas etnias indígenas, publicando livros e realizando exposições sobre o tema, no Brasil e no exterior (ela expôs seu trabalho no centro cultural South Bank, em Londres, Grã-Bretanha, em 2010).
Ao lado de representantes da etnia Xavante, Gauditano é também co-fundadora da ONG Nossa Tribo, que tenta ampliar a comunicação entre povos indígenas e o resto da população.

Suicídios

Segundo dados do último censo, há hoje 896,9 mil índios no Brasil. Os cerca de 43 mil Kaiowás são naturais da região onde hoje ficam o Estado de Mato Grosso do Sul e o Paraguai.
Em outubro, o caso de uma comunidade dessa tribo, acampada na fazenda Cambará, no município de Iguatemi, MS, causou comoção no Brasil.
Após uma ordem de despejo emitida pela Justiça Federal, os 170 índios do acampamento, em um local conhecido como Pyelito Kue, escreveram uma carta que dizia: "Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui".
A carta, divulgada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) foi interpretada como uma ameaça de suicídio coletivo. Ela circulou pelas redes sociais e deu origem a uma grande campanha em defesa dos índios, com protestos em vários pontos do país.
Como resultado, um tribunal decidiu pela permanência dos índios no local. Mas a situação do grupo ainda não está regularizada.
Em entrevista à BBC Brasil, Rosa Gauditano explicou por que a carta da comunidade de Pyelito Kue foi interpretada como uma ameaça de suicídio.
"Isso foi mal interpretado, por causa do histórico de mortes por suicídio entre os Kaiowás", explicou. "Não disseram que iam fazer um suicídio coletivo. A intenção era dizer ao governo federal que dali só sairiam mortos".
O índice de suicídios entre os Kaiowás começou a crescer a partir da década de 80, quando mais e mais fazendeiros passaram a adquirir terras na região do Mato Grosso do Sul, ou receberam concessões de terras do governo. Desde então, a região se dedica à produção intensiva de soja, milho, cana de açúcar e gado.
Removidos da terra, os Guaranis-Kaiowás – que ocupavam tradicionalmente a vasta região - começaram a ser levados para reservas demarcadas pelas autoridades.
"Essas reservas hoje têm uma população muito grande e as pessoas não conseguem viver ali do modo tradicional, não conseguem plantar ou caçar", disse a fotógrafa.
Segundo o antropólogo do Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo Spensy Pimentel, que estuda a etnia Guarani-Kaiowá e trabalha com Gauditano, há 42 mil hectares de terras demarcadas pelo governo no Estado. "Essas são as áreas efetivamente disponíveis", disse Pimentel à BBC Brasil. "Há mais uns 50 mil hectares demarcados, mas tudo embargado pela Justiça".
À primeira vista, o território disponível parece grande. Mas se fosse dividido entre a população Kaiowá, cada índio receberia pouco menos do que um hectare de terra – 10.000 m2 (100m x 100m). Ali, ele teria de viver e dali tirar seu sustento - algo impossível para qualquer agricultor.
Pimentel lembrou, no entanto, que esse tipo de cálculo usa critérios que não se aplicam à cultura indígena. "A Constituição brasileira assegura aos índios o direito às suas terras tradicionalmente ocupadas segundo seus próprios critérios".
Espremidos em reservas superpovoadas, os índios vivem sob estresse físico e mental. O alcoolismo e o uso de drogas são comuns.
Segundo o Ministério da Saúde, de 2000 a 2011 houve 555 suicídios de índios, a maioria Guaranis-Kaiowás. E o Estado de Mato Grosso do Sul é o campeão em número de suicídios no Brasil.
Esse comportamento não é parte da "tradição" da etnia, explicou o antropólogo.
"Os indígenas mais velhos são unânimes em afirmar que, por mais que possam entender a decisão de uma pessoa que toma essa opção, eles não viram mais que um ou dois casos de suicídios antes dos anos 80", disse. "Nesse sentido, os suicídios não podem ser vistos fora do contexto do confinamento dos Guarani-Kaiowá que foi produzido pelo Estado brasileiro. Foi dentro das reservas superlotadas e diante da falta de perspectiva de vida para os jovens que os suicídios se transformaram em uma epidemia".

Beira de Estrada

Outra resposta para essa situação de estresse intolerável - explicou Gauditano - foi abandonar as reservas e ir para a estrada.
Fotógrafa experiente, Gauditano se confessou chocada ao se deparar com os acampamentos nas estradas que cercam a cidade de Dourados, um dos polos econômicos do Estado de Mato Grosso do Sul.
"As famílias vão para as estradas, fazem acampamentos em um espaço de 30 m que fica entre a cerca da fazenda e a beira da estrada. Ficam vivendo ali durante anos. Às vezes, se mudam de um ponto para outro se são pressionados. Não têm água potável nem banheiro, não podem fazer uma roça, não têm comida, escola, nada. E fazem as casas com plástico preto. A temperatura dentro dessas cabanas chega a 50 graus durante o dia, não dá pra ficar ali dentro".
"Crianças, velhos, famílias inteiras ficam acampadas na beira da estrada. É um desespero. E há muitos atropelamentos, porque aquilo é um corredor de auto-estrada, onde passam ônibus, caminhões, carros".
Uma das fotos mostra a situação dentro de uma cabana à beira da estrada. Quando chove, a água alaga as cabanas, explicou a fotógrafa.
"Uma vez, choveu muito e eles passaram quatro meses com 50 cm de água dentro das cabanas".
"O que você vê na foto é barro. A cama está suspensa porque tem barro dentro da cabana, então eles puseram pedras para poderem andar ali dentro. Se você pisa entre as pedras, seu pé afunda".
"É como um lodo, tem até um sapo ali. Eu fiz a foto e na hora não vi, porque não tinha janela".

Violência

A fotógrafa disse ter ficado marcada pelo olhar dos índios.
"O olhar. As pessoas têm um olhar tão triste que você fica incomodado. Bebezinhos, crianças e velhos te olham e parece que estão olhando para o nada."
O que as fotos de Gauditano não mostram, no entanto, é a violência que permeia as vidas do povo Guarani-Kaiowá.
"Gerações de líderes são assassinadas e você não acha os corpos. Há uma violência latente, muito grande, por baixo do pano."

Esperança

Em meio ao sofrimento que observou em suas expedições ao MS para fotografar os Guaranis-Kaiowás, Gauditano disse também ter encontrado serenidade e leveza.
Na aldeia Guaiviry, no município de Aral Moreira, a fotógrafa registrou imagens de crianças que cantavam e dançavam.
"A cena me passa esperança. O que segura o povo indígena é sua história, sua língua, sua religião e seus rituais", disse. "E criança sempre tem um bom astral. Sentem a barra pesada, mas estão sempre brincando e pulando".
O ano passado deve ter sido traumático para as crianças de Guaiviry. O cacique da tribo, Nísio Gomes, foi assassinado em novembro de 2011.
A terra da comunidade foi demarcada, mas a demarcação foi contestada e o caso está sendo julgado pela Justiça.
Em outra cena de aparente tranquilidade, uma Guarani-Kaiowá é vista rodeada de porquinhos.
Mas a relativa paz e contentamento em que vivem a índia e sua família, em uma pequena reserva demarcada - a aldeia de Piracuá, no município de Bela Vista -, tiveram um custo alto. Em 1983, um líder indígena que vivia na região, Marçal de Souza, também foi assassinado.
"Hoje, as famílias vivem bem ali, com sua terra, podendo fazer pequenas plantações de subsistência. Tem escola, assistência do governo, uma mata nativa", explicou Gauditano.

‘Comunicação é Poder’

Mas se por um lado os Kaiowás anseiam por viver em paz em seus territórios – e eles entendem que as reservas ocuparão apenas uma parte da terra que um dia foi deles -, a comunidade também abraça a modernidade, disse Gauditano.
"A tecnologia é muito importante para os índios hoje, principalmente o video, os celulares e a internet".
Segundo a fotógrafa, esses recursos permitem a comunicação não apenas dentro das próprias comunidades, mas entre as comunidades e o mundo lá fora.
"A tecnologia e as mídias sociais tiveram um papel fundamental na divulgação do drama dos Kaiowás despejados da aldeia em Pyelito Kue."
"Nunca vi uma mobilização tão grande da população brasileira em defesa de uma comunidade indígena como a que aconteceu em outubro", disse Gauditano.
"Isso me fez perceber o potencial imenso de mídias sociais, como o Facebook, para a causa indígena. Realmente, comunicação é poder!".
Um dos acampamentos fotografados por Rosa Gauditano, o Laranjeira, ficava na BR 163, nas imediações de Dourados, MS. Desde que as fotos foram feitas – em 2010 - os índios conseguiram as terras que reivindicavam, no município de Rio Brilhante. Entraram nas terras, mas ainda vivem em situação provisória, aguardando que a Fundação Nacional do Índio (Funai) identifique formalmente as terras – processo burocrático demorado, feito com base em pareceres de antropólogos.
 
Até amanhã, amig@s!
 
Fonte: BBC Brasil

domingo, 9 de dezembro de 2012

Lista dos Famosos que Tem Fazendas Invadidas em Terras dos Guarani e Kaiowá

Ratinho tem fazendas na Regiao do Cone Sul, em terra indígena. Ele é empresário em telecomunicação no Parana, tem fabrica de cerveja e café, alem de ser o apresentador do SBT.
Pedimos a sua colaboração na campanha de boicote, NÃO COMPRE CAFÉ, CERVEJA E OU QUALQUER OUTRO PRODUTO PRODUZIDO EM SUAS EMPRESAS, NÃO COMPRE OS PRODUTOS QUE ELE ANUNCIA NO PROGRAMA E NÃO ASSISTA O PROGRAMA ATÉ QUE ELE ENTREGUE AS TERRAS AOS INDÍGENAS QUE FORAM EXPULSOS DE LÁ.
Hebe Camargo tem fazenda proximo (A FAZENDA DELA ESTÁ DENTRO DE OUTRA TERRA INDÍGENA EM FASE DE ESTUDOS) as aldeias que foram atacadas.
ATÉ O MOMENTO NÃO CONSEGUIMOS LEVANTAR INFORMAÇÕES DE EMPRESAS EM NOME DE HEBE CAMARGO, MAS TAMBEM PODEMOS BOICOTAR SEUS PATROCINADORES, NAO COMPRANDO OS PRODUTOS QUE ELA ANUNCIA NO PROGRAMA E NÃO ASSISTINDO O PROGRAMA, ATÉ QUE ELA DEVOLVA AS TERRAS AOS INDÍGENAS.
*( In Memoriam)
 
 



Regina Duarte lidera o setor pecuarista contra os povos indígenas, participa de comicios contra as demarcações e contra os povos indígenas em todo Brasil.
No MS ela é a “Garota Propaganda” em campanhas contra indígenas. ELA É PRODUTORA DE TEATRO, E VENDE BOI NO MERCADO. BOICOTE AS PEÇAS TEATRAIS QUE ELA ESTIVER ENVOLVIDA, POICOTE OS PATROCINADORES, NAO COMPRE PRODUTOS DOS PATROCINADORES DAS PEÇAS DE TEATRO DELA. NÃO ASSISTA NOVELA QUE ELA TRABALHA E NAO COMPRA PRODUTOS DOS PATROCINADORES DESTAS NOVELAS, ATÉ QUE ELA DEVOLVA AS TERRAS AOS INDÍGENAS.


se voce conhece mais algum artista que tem fazenda em Terra Indígena, denuncie aqui como comentário, nós colocamos a foto aqui nesta lista.
Obs: em breve o nome de políticos com fazendas em Terra Indígena, mande sua denuncia!
O COMITÊ INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO GUARANI E KAIOWÁ está fazendo uma CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO de alimentos e contribuição em dinheiro para a população guarani kaiowá que estão em acampamentos e sitiados por pistoleiros (milicia) contratados pelos fazendeiros.
Quem quizer mais informações, entrem em contato com o comitê pelo e-mail solidariedadeguaranikaiowa@gmail.com que eles passam os pontos de arrecadação e contas bancárias.
Neste blog vocês poderão encontrar varias informações sobre a situação do Povo Guarani Kaiowá no Brasil. Em breve disponibilizaremos fotografias e mais videos, assim como lista completa dos famosos com fazendas em terras indígenas.
 
Até amanhã, amig@s!
 
Fonte: Uniao Campo Cidade e Floresta

sábado, 8 de dezembro de 2012

Carta do Cacique Mutua

Feliz Natal e um Ano Novo cheio de paz e respeito à natureza e ao próximo!
 
São os votos de Cristina Rocha.

Baleias jubarte passam “lua de mel” no Brasil

Todo mundo tem um lugar onde se sente mais seguro, não é mesmo? E as baleias jubarte(Megaptera novaeangliae) não são diferentes. Já virou tradição: todos os anos, depois de passarem cerca de três meses se alimentando nas águas daAntártida, a maioria delas vem para o Brasil a partir de julho - em uma longa viagem que dura cerca de 60 dias -, para encontrar com outras baleias da sua espécie e se reproduzir.

Aqui, elas se sentem mais seguras, porque a água é mais quentinha - tem cerca de 25ºC, contra 4ºC na Antártida - e também mais tranquila, já que as ondas são bem menores e a quantidade de predadores, como a orca, também é pequena.
Mas, ainda que o ambiente ajude, conquistar uma fêmea jubarte não é tarefa fácil, sabia? Os pretendentes têm que se dedicar. Isso porque os machos interessados formam um grupo competitivo, que fica nadando em volta de sua “amada”, para no final da conquista ela escolher, apenas, um namorado para acasalar. Para se destacar nessa disputa, os machos fazem de tudo: cantam, saltam e até se batem. Não precisava chegar a tanto, não é mesmo?
Em meados de novembro, é hora de voltar para a Antártida para se alimentar -sabia que todo o tempo que passam no Brasil e, também, durante a viagem de ida e volta as baleias não comem nada? Haja tamanho para estocar os alimentos no estômago, né?.
Em julho, começa tudo de novo: as baleias se preparam para retornar ao Brasil para a próxima “lua de mel”. As fêmeas que engravidaram na última temporada de reprodução vão junto, mas, dessa vez, para dar à luz filhotes. É por isso que o Brasil - e, principalmente, a região de Abrolhos, que é a preferida das baleias dessa espécie - é conhecido como o maior berçário de jubartes do Atlântico Sul Ocidental.
NENHUMA BALEIA É IGUALO que diferencia um ser humano do outro é a impressão digital, certo? Pois também tem uma maneira de distinguir as jubartes: pela cauda. De acordo com biólogos do Instituto Baleia Jubarte* - projeto que visa pesquisar e proteger esse mamífero, com patrocínio da Petrobras e parceria de empresas como a Fibria -, não existem duas caudas iguais, entre as baleias dessa espécie.
E mais: muitas delas têm marcas de mordidas de orca e tubarão-charuto - seus principais predadores - espalhadas pelo corpo, o que também acaba ajudando os biólogos na hora da identificação. Curioso, não?
Ficou a fim de ver uma baleia jubarte ao vivo? O turismo de observação é muito comum no Brasil entre julho e novembro, quando elas estão pelo nosso litoral. Várias empresas oferecem passeios de barco que chegam bem perto do local onde as baleias jubarte ficam, mas sempre cumprindo as normas de avistagem estabelecidas pelo Ibama. Pela lei, as embarcações de turismo só podem chegar a 100 metros do animal. Assim, os turistas conseguem enxergá-los, mas sem invadir seu espaço, garantindo seu bem-estar. No fim, todos ficam felizes!
 
Até amanhã, amig@s!
 
Fonte: Meu Planetinha

Água: a escassez na abundância

A água é o recurso natural mais abundante do planeta. De maneira quase onipresente, ela está no dia a dia dos 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta. Além de matar a sede, a água está nos alimentos, nas roupas, nos carros e na revista que está nas suas mãos — se você está lendo a reportagem em seu tablet, saiba também que muita água foi usada na fabricação do aparelho.
Foto: Germano Lüders – Marginal do rio Pinheiros, em São Paulo: com uma população de 20 milhões de habitantes, a capital paulista e sua região metropolitana correm sérios riscos de desabastecimento de água
 
 Mas o recurso mais fundamental para a sobrevivência dos seres humanos enfrenta uma crise de abastecimento. Estima-se que cerca de 40% da população global viva hoje sob a situação de estresse hídrico. Essas pessoas habitam regiões onde a oferta anual é inferior a 1 700 metros cúbicos de água por habitante, limite mínimo considerado seguro pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse caso, a falta de água é frequente — e, para piorar, a perspectiva para o futuro é de maior escassez. De acordo com estimativas do Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar, com sede em Washington, até 2050 um total de 4,8 bilhões de pessoas estará em situação de estresse hídrico. Além de problemas para o consumo humano, esse cenário, caso se confirme, colocará em xeque safras agrícolas e a produção industrial, uma vez que a água e o crescimento econômico caminham juntos. A seca que atingiu os Estados Unidos no último verão — a mais severa e mais longa dos últimos 25 anos — é uma espécie de prévia disso. A falta de chuvas engoliu 0,2 ponto do crescimento da economia americana no segundo trimestre deste ano.
A diminuição da água no mundo é constante e, muitas vezes, silenciosa. Seus ruídos tendem a ser percebidos apenas quando é tarde para agir. Das dez bacias hidrográficas mais densa- mente povoadas do mundo, grupo que compreende os arredores de rios como o indiano Ganges e o chinês Yang-tsé, cinco já são exploradas acima dos níveis considerados sustentáveis. Se nada mudar nas próximas décadas, cerca de 45% de toda a riqueza global será produzida em regiões sujeitas ao estresse hídrico. “Esse cenário terá impacto nas decisões de investimento e nos custos operacionais das empresas, afetando a competitividade das regiões”, afirma um estudo da Veolia, empresa francesa de soluções ambientais.
Em muitos países em desenvolvimento e pobres, a situação é mais dramática. Falta acesso a água potável e saneamento para a esmagadora maioria dos cidadãos. Só o tempo perdido por uma pessoa para conseguir água de mínima qualidade pode chegar a 2 horas por dia em várias partes da África. Pela maior suscetibilidade a doenças, como a diarreia, quem vive nessas condições costuma ser menos produtivo. Essas mazelas já são assustadoras do ponto de vista social, mas elas têm implicações igualmente graves para a economia. Um estudo desenvolvido na escola de negócios Cass Business School, ligada à City University, de Londres, indica que um aumento de 10% no número de pessoas com acesso a água potável nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) conseguiria elevar o crescimento do PIB per capita do bloco cerca de 1,6% ao ano. “O avanço econômico depende da disponibilidade de níveis elevados de água potável”, aponta Josephine Fodgen, autora da pesquisa. “Embora não se debata muito o tema, o mundo pode sofrer uma crise de crescimento provocada pela escassez de água nas próximas décadas.”
MAIS RENDA LÍQUIDA
Desde a década de 90, a extração de água para consumo nos centros urbanos do Brasil aumentou 25%, percentual que é o dobro do avanço do PIB per capita dos brasileiros no mesmo período. Quanto maior é a renda de uma pessoa, mais ela tende a consumir e maior é seu gasto de água. Isso é o que se convencionou chamar de pegada hídrica, a medida da quantidade de água utilizada na fabricação de tudo o que a humanidade consome — de alimentos a roupas. O conceito e os cálculos desenvolvidos na Universidade de Twente, na Holanda, permitem visualizar em números o impacto até mesmo da mudança da dieta dos povos que enriqueceram rapidamente. “Uma enorme quantidade de água é gasta hoje para que o mundo consuma mais carne”, explica Ruth Mathews, diretora executiva da Water Footprint Network, rede de pesquisadores que estudam o tema. Hoje, cada chinês gasta o equivalente a 1 070 metros cúbicos de água por ano. É quatro vezes mais do que nos anos 60, e grande parte desse crescimento é atribuída à maior ingestão de aves e diferentes tipos de carne no país. Até poucos anos atrás, era tão improvável que um chinês tivesse um bife no prato que a iguaria costumava ser chamada de “carne dos milionários”. Atualmente, cada chinês consome mais de 4 quilos de carne bovina por ano — e, do pasto até o açougue, cada quilo de bife demanda 15 000 litros de água.
No total, o Brasil consome 356 bilhões de metros cúbicos por ano — é o quarto maior consumo do mundo, perdendo para a China, a Índia e os Estados Unidos. Estamos tão acostumados com a fartura de recursos que talvez nada disso assuste. Cerca de 12% da água doce do mundo percorre o território brasileiro, onde vivem menos de 3% dos seres humanos. Entre os membros do G20, grupo das 20 maiores economias, o país só perde para o Canadá em disponibilidade de água per capita. Temos 42 000 metros cúbicos anuais por habitante, um luxo para poucos. Boa parte da água do Brasil, porém, está concentrada nas regiões mais remotas e menos habitadas. Nove estados do país já ultrapassaram ou estão no limiar do estresse hídrico. Nessa conta, além dos tradicionais estados áridos do Nordeste, entram os mais urbanizados e desenvolvidos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. “A situação dos lugares onde ficam as capitais mais populosas inspira cuidado, pede planejamento e exige ação”, diz Paulo Varella, diretor da Agência Nacional de Águas. A cidade de São Paulo e sua região metropolitana, com uma população que se aproxima dos 20 milhões, são consideradas áreas propensas a enfrentar problemas de falta de água no futuro. Embora haja bacias de rios no entorno da capital, a água disponível é de péssima qualidade em razão, entre outros motivos, da quantidade de gente que vive — e produz esgoto — na região. “Não dá mais para depender da bacia do Alto Tietê. A situação dela é crítica”, afirma Edson Giriboni, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do estado de São Paulo. A saída é buscar água cada vez mais longe.
Está previsto para novembro o início do processo de concorrência de uma parceria público-privada que vai trazer água da bacia do rio Ribeira de Iguape, na divisa com o Paraná, para a capital paulista. O investimento chegará a 1,6 bilhão de reais. Um extenso estudo que está sendo conduzido pela secretaria paulista avalia outras nove opções de captação de água. Entre as alternativas em avaliação está trazer água da bacia do rio Paraíba do Sul, que fica na divisa com o Rio de Janeiro. Quando essa possibilidade foi ventilada pela primeira vez, em 2008, alarmou a população fluminense. Dessa bacia sai a água que abastece a casa de 12 milhões de moradores da cidade do Rio de Janeiro e sua região metropolitana. O temor é que não haja volume suficiente para abastecer duas das localidades mais densamente povoadas do Brasil. Até agora nada foi definido entre os governos de São Paulo e Rio de Janeiro. As disputas entre estados de um mesmo país costumam ser resolvidas em seus respectivos Congressos ou pelos Poderes Executivos. A situação pode ficar bem mais complicada quando envolve dois ou mais países. É por isso que a animosidade entre vizinhos que disputam a mesma água é acompanhada de perto pela Organização das Nações Unidas. “As implicações políticas que a falta de segurança hídrica pode despertar nos preocupam”, diz Zafar Adeel, diretor do Instituto para Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas. Um relatório recente patrocinado pelo Departamento de Estado americano alerta para o fato de que problemas relacionados à água têm potencial para ampliar a instabilidade em diversos países, do norte da África ao Oriente Médio. Essa é a realidade num cenário de escassez crescente. Parece filme de ficção, no estilo apocalíptico. Mas, infelizmente, trata-se de um perigo próximo e real.
 
Até amanhã, amig@s!
 
Fonte: Guia Exame Sustentabilidade

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Carta do Cacique Mutua - Boas Festas!

Muito obrigada pelos 75.000 acessos neste primeiro ano de blog, amig@s!
 
 
 
 
E na comemoração, quem ganha presente é o leitor. Disponibilizei um vídeo emocionante com trechos da carta do Cacique Mutua ao "homem branco", como uma forma de desejar um feliz natal e um ano novo repleto de energias positivas.

 
Boas Festas, amig@s!

sábado, 1 de dezembro de 2012

Hidrelétricas põem em risco o Pantanal Mato-grossense, afirmam especialistas

O Pantanal Mato-grossense tem 44 pequenas hidrelétricas instaladas em seus rios. Outras 90 estão em fase de instalação. Para o Ministério Público, acadêmicos e ambientalistas, esse processo pode colocar em colapso um dos mais importantes ecossistemas nacionais.
A Comissão de Meio Ambiente debateu em audiência a construção de novas hidrelétricas no Pantanal.


 Eles temem que além de afetar gravemente a atividade pesqueira, as construções afetem a vazão das cheias na região.
Em audiência pública, nesta terça-feira, da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o procurador da República Wilson Rocha Assis, um dos autores de uma Ação Civil Pública que busca sustar a instalação dos novos empreendimentos, explicou que, apesar de cada uma das hidrelétricas ter licenciamento, isso não é suficiente para avaliar o potencial de dano ao meio ambiente do conjunto.
"O impacto global é maior que a soma dos impactos isolados”, assegura Wilson Assis. “Então, o que a gente precisa é de um estudo que nos diga se 130 empreendimentos hidrelétricos estão dentro da capacidade de suporte do Pantanal, porque, caso essa capacidade de suporte seja ultrapassada, a gente corre o risco de ver a falência de todo o sistema e de o Pantanal morrer tal como nós o conhecemos hoje."
Avaliação ambiental integrada
O presidente da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Energia Elétrica, Luiz Fernando Leone Vianna, afirmou que sua associação é favorável à realização da Avaliação Ambiental Integrada, mas afirma que ela não existe como lei a não ser em Minas Gerais.
Ele ressalvou porém, que é preciso preservar os empreendimentos já autorizados e que esse estudo não deve ser feito pelo próprio empresário, porque sempre haverá a tendência de querer provar que seu empreendimento é o melhor.
"Nós entendemos que isso é daqui pra frente. Você não pode criar uma legislação que olhe pra trás”, defende Leone. “Há empreendimentos que estão licenciados. Eles não podem ter sua licença cassada por uma legislação posterior ao seu licenciamento."
Regra não é cumprida
O deputado Sarney Filho (PV-MA) afirmou que existe a previsão da avaliação integrada por resolução do Conama e dentro das regras da Agência Nacional de Águas, mas que isso não tem sido cumprido.
O parlamentar disse que é preciso cumprir as normas que determinam que é preciso avaliar os impactos de toda a bacia hidrográfica e não só no rio onde será instalada a usina. O deputado informou que a Comissão de Meio Ambiente instala nesta quarta-feira, um grupo de trabalho para rediscutir essa legislação.

"Nós vamos fazer uma proposta de mudança no licenciamento", informou o deputado. "O grupo de trabalho que será criado vai tratar das hidrelétricas na Amazônia e das pequenas hidrelétricas no Pantanal."
Pressões e assédio
A geógrafa Débora Fernandes Calheiros informou que os técnicos ambientais têm denunciado pressões e até assédio de órgãos estaduais e federais durante a análise dos processos de licenciamento. Sarney Filho anunciou que a comissão também vai tomar providências com relação às denúncias.
 
Até amanhã, amig@s!

Reportagem – Vania Alves/Rádio Câmara
Edição – Newton Araújo