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sábado, 31 de março de 2012

Conferência em Londres defende PIB que inclua capital natural.

O desenvolvimento de metas para medir a sustentabilidade global e a criação de um PIB mais amplo — um índice que leve em conta, além do crescimento econômico, também o valor do capital natural — estão entre as principais recomendações da conferência Planeta sob Pressão, que terminou nesta quinta-feira em Londres, uma preparação para a Rio+20.

O Parque Nacional Serra do Pardo, no estado do Pará Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/conferencia-em-londres-defende-pib-que-inclua-capital-natural-4441957#ixzz1qdjB1g7K © 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.


“As pesquisas demonstram que o funcionamento do sistema da Terra como vem suportando o bem-estar da civilização humana nos últimos anos está em risco”, sustenta o documento, refletindo o consenso alcançado na conferência de que a atividade humana provocou alterações tão profundas no planeta que já se pode falar no início de uma nova era geológica, o Antropoceno.
— Tempo é o recurso do qual menos dispomos — afirmou a codiretora da conferência Lídia Brito, diretora de ciências políticas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A declaração “O Estado do Planeta”, divulgada ao término do encontro, listou ainda a necessidade de criação de um Conselho de Desenvolvimento Sustentável na estrutura das Nações Unidas, que integre políticas sociais, econômicas e ambientais numa esfera global. E apresentou o lançamento de um novo programa científico internacional, chamado Terra do Futuro, cujo foco será a busca de soluções para os atuais problemas.
— Temos que prover um acesso mais aberto ao conhecimento, precisamos de uma nova forma de medir o progresso diferente do PIB, e precisamos de novas maneiras de trabalhar internacionalmente para nos adequarmos ao século XXI — afirmou o codiretor da conferência Mark Stafford Smith. — A conferência ofereceu novas ideias e soluções práticas.
Os co-diretores frisaram ainda a necessidade de criação de novos modelos de desenvolvimento econômico dos países, lembrando que os atuais foram moldados pós-II Guerra Mundial, numa sociedade totalmente diferente da atual, em que o planeta se encontra profundamente alterado pela ação do homem. Numa apresentação feita por vídeo durante a cerimônia de encerramento da conferência, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, afirmou que “as mudanças climáticas, a crise financeira, e a falta de segurança em alimentos, água e energia ameaçam o bem-estar da Humanidade e da civilização como a conhecemos”.
— Meu painel global de sustentabilidade acaba de recomendar que eu considere a nomeação de um conselheiro científico ou estabeleça um conselho científico para assessorar a mim e a outros órgãos da ONU – afirmou o secretário-geral. — Eu também pretendo engajar a comunidade científica em outros projetos, como o Relatório Global para o Desenvolvimento Sustentável. Também estou pronto para trabalhar com a comunidade científica no lançamento de uma iniciativa de larga escala.
O diretor do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Achim Steiner, lembrou que não basta a a ciência registrar e documentar situações catastróficas do planeta.
— Não se trata apenas de ciência, mas das escolhas que fazemos em economia e governança — disse. — Precisamos entender que podemos ter uma sociedade rica sem destruir o meio ambiente. É preciso, por exemplo, que ministros do meio ambiente tenham mais poder decisório, mais autoridade.
A coordenadora executiva da Rio+20, Elizabeth Thompson, afirmou que a organização da conferência está em consonância com as sugestões do documento final da Planeta sob Pressão, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento do que ela chama de PIB+, que englobe, além da produção, os lados sociais e ecológicos, e também de metas de crescimento sustentável. Mas, apesar de todos os cientistas presentes frisarem o perigoso estado do planeta e clamarem por urgência na tomada de decisões, Elizabeth se irritou quando perguntada se seria possível esperar alguma decisão concreta da Rio+20, diante do fracasso, nesse sentido, de outras conferências das Nações Unidas.
— Acho que é uma forma muito pessimista de ver as coisas. No dia seguinte ao fim de Copenhague, todas as manchetes do mundo estampavam “fracasso”. Já posso ler as manchetes no fim da Rio+20: “fracasso”. “Fracasso” usaram em Kioto — lembrou. — Mas nunca tivemos tanta consciência ambiental quanto agora. Universidades ensinam mudanças climáticas. Há um mercado de carbono, leis de redução de emissões. Acho que teremos no Rio um diálogo de alto nível, algumas metas de desenvolvimento sustentável, novos investimentos em economia verde, mais políticas verdes por todo o mundo, uma transformação positiva, que leve a formas de vida mais sustentáveis, mesmo que a mídia chame de fracasso.
Insistindo num tema que foi bastante discutido na reunião de Londres, a crescente importância das ciências sociais e a compreensão do papel do indivíduo no processo de deterioração do planeta e na cobrança por soluções, Elizabeth frisou que a pressão sobre os governantes é crucial.
— O papel do cidadão, das ONGs, é pressionar os governos. Ocuppy Wall Street, a Primavera Árabe, é isso. Movimentos que fazem os governos responderem às necessidades do povo. O documento tem compromissos, mas a ONU não pode fazer nada sozinha, temos que fazer juntos — disse. — Político ou servidor público, cientista ou cidadão, comunidade ou empresa, somos todos acionistas da empresa Terra e temos uma responsabilidade conjunta de proteger nosso patrimônio comum.
Os organizadores da Planeta sob Pressão selecionaram também nove importantes temas a serem debatidos na Rio+20. São eles:
— Água: Vital para todas as sociedades, trata-se de um recurso cada vez mais escasso em razão do aumento populacional, do crescimento econômico e do mau gerenciamento.
— Alimento: garantir a produção para alimentar 9 bilhões de pessoas até 2050 é outro grande desafio da Humanidade.
— Governança: 40 anos depois da Conferência para o Desenvolvimento Humano, de 1972, e de mais de 900 tratados ambientais, o planeta está em risco mais do que nunca.
— Biodiversidade e ecossistemas: É preciso buscar formas de exploração sustentável.
— Soluções: A contribuição da ciência para evitar o colapso do planeta.
— Bem-estar humano: É preciso discutir também a sustentabilidade social, num momento de crescimento sem precedentes das populações urbanas.
— Economia Verde: O debate sobre as transformações sociais e tecnológicas necessárias para um novo sistema econômico.
— Energia: Como obter formas mais limpas e sustentáveis.
— Saúde: A saúde humana é um dos principais indicadores do desenvolvimento sustentável. Ela deve ser, portanto, uma prioridade.

Até amanhã, amig@s!

Fonte: O Globo

Em 2050, mundo terá área adicional ocupada por cidades equivalente a França, Alemanha e Espanha.

Em apenas duas décadas, as cidades irão ocupar uma área adicional de 1,5 milhão de quilômetros quadrados — o equivalente aos territórios de França, Alemanha e Espanha combinados –, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, no segundo dia da conferência “Planet Under Pressure“, em Londres.

Discussões em conferência em Londres preparam debates que devem ocorrer na Rio+20 Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/em-2050-mundo-tera-area-adicional-ocupada-por-cidades-equivalente-franca-alemanha-espanha-4425851#ixzz1qdiUgWGe © 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broacast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Números das Nações Unidas mostram que a população mundial deve chegar a 9 bilhões de habitantes até 2050 (o número atual é de 7 bilhões) e que a maior parte dessas pessoas deve se concentrar nos centros urbanos. Além disso, segundo a ONU, migrações do campo para as cidades devem representar um número adicional de 1 bilhão de pessoas. Com isso, os centros urbanos abrigarão, até 2050, 6,3 bilhões de pessoas contra os 3,5 bilhões atuais. O desafio, de acordo com os cientistas, é como fazer desses centro áreas sustentáveis.
Os atuais padrões de ocupação das cidades, segundo Michail Fragkias, especialista da Universidade Estadual do Arizona, gera graves problemas ambientais, colocando a Humanidade em risco. Ele lembra que, há um século, existiam menos de 20 cidades em todo o mundo com mais de um milhão de habitantes. Hoje, elas são 450. E, embora cubram apenas 5% da superfície da Terra, elas são as maiores consumidoras de seus recursos naturais.
– A forma como as cidades cresceram desde a II Guerra Mundial não é sustentável nem socialmente, nem ambientalmente — afirmou Karen Seto, da Universidade de Yale, especialista em crescimento populacional. — O custo ambiental de a expansão das cidades continuar dessa forma é muito alto.
Em todo o mundo, disse a especialista, as pessoas adotaram o modelo ocidental de arquitetura e urbanização, que demanda um uso alto de recursos naturais e, muitas vezes, não é sequer adaptado aos climas locais.
– Os subúrbios norte-americanos se tornaram globais e desenvolvimento urbano dependente do automóvel é, cada vez mais, a norma.
Ela admite, no entanto, que não há como evitar a urbanização do planeta, mas que é preciso fazer isso de uma forma sustentável.
Qual a melhor forma de urbanizar foi um dos tópicos debatidos na conferência nesta terça, no dia dedicado a buscar soluções para os problemas ambientais a serem encaminhadas para a Rio+20, em junho.
Diretor do Projeto Carbono Global, Shobhakar Dhakal, afirmou que reformar as cidades que já existem e planejar melhor sua expansão são as melhores saídas.
– A reengenharia das cidades é urgente para a sustentabilidade global — afirmou. — Quanto a novas áreas, elas têm a vantagem de já termos conhecimento, pensamento sustentável, e tecnologia para lidar melhor com questões fundamentais como transporte e resíduos.
A questão climática também é fundamental, segundo os cientistas.
Atualmente, 70% das emissões mundiais de CO2 estão relacionadas às necessidades das áreas urbanas. Em 1990 as emissões de CO2 das cidades eram estimadas em 15 bilhões de toneladas métricas, número que saltou para 25 em 2010. Estima-se que, se nada for feito, a cifra chegará a 36,5 em 2030.
De acordo com especialistas, as novas áreas urbanas deveriam levar em conta, por exemplo, adotar medidas para reduzir o tráfego de automóveis e os congestionamentos — que causam desperdício de combustível, poluição e emissões extra de CO2.
– Nosso foco deve ser no sentido de melhorar a qualidade da urbanização, desde o espaço urbano propriamente dito, passando por infraestrutura, forma e funcionamento, estilo de vida, energia e eficiência — afirmou Dhakal.
Professor de ciências ambientais da Universidade da Califórnia, Roberto Sánchez Rodriguez concorda com o colega:
– Temos uma oportunidade única de planejar a iminente explosão da urbanização para reduzir a pressão nos ecossistemas, melhorar a qualidade de vida de bilhões de pessoas e evitar a ocorrência de grande problemas e desastres ambientais.
Diretora-executiva do Programa Geosfera-Biosfera, Sybil Seitzinger, lembrou ainda que é preciso olhar além das cidades.
– Para um planeta verdadeiramente sustentável, as cidades devem ser pensadas além das cidades — afirmou. — Tudo que entra nas cidades vindo de fora; alimentos, água, energia, produtos em geral, de ser sustentável. Precisamos repensar o fluxo de recursos para as cidades.
Até amanhã, amig@s!
Fonte: O Globo

Água: saiba como economizar!

É lugar comum dizer que a Terra é o planeta água, no entanto, 97,5% da água do planeta é salgada. Apenas 2,5% é água doce, e a maior parte dela está aprisionada em aquíferos subterrâneos e geleiras. Só 0,26% da água doce da Terra está disponível. Se toda a água da Terra coubesse em um balde de 10 litros, a água doce disponível chegaria a apenas 13 gotas.



O Akatu sugere algumas dicas mobilizadoras que, de maneira fácil, trazem economia e fazem você contribuir para cuidar desse bem tão precioso!
1. Banhos mais rápidos, menos desperdício!
Reduzir o tempo de banho ajuda no seu bolso e também a economizar o dinheiro público que seria gasto no tratamento e distribuição de água. Torna, assim, possível investir, por exemplo, em educação, tão necessária para a população brasileira. Imagine uma cidade de 100 mil habitantes. Se metade desta população (50 mil) reduzir o tempo do banho diário de ducha de 15 para 5 minutos ao longo de um ano, a água economizada será suficiente para abastecer todas as necessidades de água de todos os habitantes dessa cidade por mais de 7 meses e meio. Com isso, não seria necessário o governo investir em mais estações de tratamento de água.
2. Torneira fechada ao escovar os dentes economiza um montão!
Uma única pessoa pode economizar 1,865 milhão de litros de água ao longo da vida simplesmente escovando os dentes com a torneira fechada. Se duas pessoas fizerem isso ao longo da vida a quantidade de água economizada equivale a uma piscina olímpica e meia. Se 1 milhão de pessoas fecharem torneira para escovar os dentes em um mês, a quantidade economizada equivale a 12 minutos de água caindo das Cataratas do Iguaçu. Se todos os moradores do Brasil fecharem a torneira ao escovar os dentes, a água economizada durante um mês equivalerá a um dia e meio das Cataratas!
3. Aposente a mangueira na hora de lavar a calçada!
Ao invés de usar a mangueira, reutilize a água que sai do enxágue da máquina de lavar para lavar a calçada de sua casa. Se você fizer isso uma vez por semana, economizará mais de 14 mil litros de água por ano, o equivalente a um caminhão pipa e meio cheios de água!
4. Vazamentos e canos furados: inimigos da água e do seu bolso!
Se de repente a conta da água aumentar consideravelmente sem nenhum motivo aparente, procure um profissional para verificar se há vazamentos em sua casa. O vazamento por um buraco de 2 mm em um cano desperdiça até 3.200 litros de água em um dia ou 96 mil litros de água em um mês: praticamente dez carros pipa de água limpa e tratada!!!!

Até amanhã, amig@s!

Fonte: Instituto Akatu

Hora do Planeta: participe você também!

Nas entranhas da terra convida você para participar de uma ação global para o consumo consciente de energia 31/3  às 20h30, todos os participantes apagarão as luzes e os equipamentos eletrônicos onde estiverem durante 60 minutos.


"Atitudes individuais são importantes porque é preciso mudança de hábito, de mentalidade.
Somente uma profunda mudança de mentalidade em termos mundiais pode salvar o planeta".
A Hora do Planeta é uma ação organizada pela WWF e já conta com a adesão de 60 cidades no Brasil.

Até amanhã,
amigos!

União Europeia terá que proteger 29 espécies de borboletas ameaçadas.

Uma organização ambiental da Europa lançou um guia com orientações sobre como preservar espécies de borboletas que vivem no continente e são consideradas ameaçadas de extinção.
Foto: Maurício André (www.fotografiasdigitais.com.br)


O relatório, que teve destaque na edição desta semana da revista “Nature Conservation”, aponta 29 espécies listadas pela União Europeia.
Os países-membros terão a partir do lançamento do guia a responsabilidade de fornecer informações sobre como proteger os insetos e definir (além de cumprir) metas internacionais de biodiversidade.
O documento detalha informações sobre cada inseto, as exigências para conservar seus habitats e plantas utilizadas pelas borboletas como local para desova e alimentação.
Em declínio
De acordo com o relatório, as borboletas europeias estão sob ameaça constante. Cerca de 10% de todas as espécies correm risco de desaparecer. Indicadores mostram que houve queda de 70% na população de 17 diferentes espécies nos últimos 15 anos.
Entre as principais causas desta diminuição estão a destruição de áreas, transformadas pela agricultura — algumas delas abandonadas posteriormente.
Segundo a publicação, as borboletas são importantes indicadores do meio ambiente, já que respondem rapidamente a possíveis alterações do habitat. A gestão desses insetos garante a sobrevivência de outros seres, que fazem parte da biodiversidade europeia.

Até amanhã, amig@s!

Fonte: G1

Novo relatório do IPCC prevê mais desastres climáticos no futuro.

O planeta a deve se preparar para enfrentar um aumento do calor, das secas mais fortes e, em algumas regiões, chuvas mais violentas devido ao aquecimento global, segundo novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).


Protesto realizado em Cancún, no México, durante a conferência da ONU sobre mudança climática, em 2010, mostra monumentos mundiais afundando devido à mudança climática. (Foto: Eduardo Verdugo / AP
Photo)

O documento com 592 páginas foi divulgado nesta quarta-feira (28) com o título “Gestão de riscos de eventos extremos e desastres para avançar na adaptação às mudanças climáticas”.
Segundo Chris Field, um dos responsáveis pelo documento, a mensagem principal dele é que “sabemos todas as decisões adequadas que devem ser tomadas sobre a forma de combater os riscos de catástrofes vinculadas ao clima”.
O informativo explora melhor os vínculos existentes entre o aquecimento global e as emissões de gases causadores do efeito estufa, com acontecimentos meteorológicos como ciclones, ondas de calor, secas e inundações.
De acordo com o IPCC, “há sinais que mostram que a mudança climática provocou modificações em certos episódios extremos que ocorrem há 50 anos e os modelos numéricos prevêem uma intensificação nas próximas décadas”.
Vulnerabilidade
No futuro, é possível que a duração e o número de ondas de calor aumentem em muitas regiões do mundo, afirmaram os cientistas. Eles também preveem uma frequência mais elevada de fortes chuvas, principalmente nas regiões mais altas e áreas tropicais (o que inclui o Brasil).
As secas também serão mais prolongadas e intensas em determinadas regiões, sobretudo no sul da Europa e nos países mediterrâneos, além do centro da América do Norte (Estados Unidos).
“Em quase todas as partes existe um risco, tanto nas regiões desenvolvidas como nas regiões em desenvolvimento, nas zonas onde há um problema de excesso de água, assim existe escassez”, destacou Field.
Contudo, “o documento destaca regiões particularmente vulneráveis”, complementou o cientista, citando as grandes cidades de países em desenvolvimento, as zonas costeiras e os países-ilha.
Estragos irreversíveis
O relatório do IPCC destaca, por exemplo, a vulnerabilidade de uma cidade como Mumbai, na Índia, onde danos em determinadas regiões poderiam se converter em “irreversíveis”. “O mundo deverá adaptar-se e reduzir [suas emissões de gases de efeito estufa] se queremos enfrentar a mudança climática”, recordou Rajenda Pachauri, presidente do IPCC.
O documento, que se baseia em mil estudos já publicados, vai contribuir com o próximo grande informe do IPCC, esperado para os próximos dois. O último relatório, que “sacudiu e despertou” o mundo sobre a questão da mudança climática, foi divulgado em 2007.
Até amanhã,amig@s!
Fonte: G1

Brics apoiam ‘economia verde’ que não afete crescimento de emergentes.

Os países que integram o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) afirmaram que as nações emergentes e mais pobres não podem sacrificar o crescimento econônomico com a justificativa de implantar uma economia verde no mundo.

Chefes de Estado dos cinco países do Brics reunidos em Nova Délhi, na Índia: Dilma Rousseff, presidente russo Dmitry Medvedev, primeiro-ministro indiano Manmohan Singh, presidente chinês Hu Jintao e presidente sul-africano Jacob Zuma. (Foto: Saurabh Das / AP Photo)


O grupo ressaltou no documento final da IV Reunião do grupo, que encerrou nesta quinta-feira (29) em Nova Délhi, na Índia, a preocupação com o desenvolvimento sustentável e com a biodiversidade e mudanças climáticas.
De acordo com a “Declaração de Delhi”, a erradicação da pobreza e o desenvolvimento com foco no social, ambiental e econômico devem ser entendidos como conceito de “economia verde” – definição que será feita na Rio+20, cúpula que vai debater o futuro econômico, social e ambiental do planeta e que vai ocorrer no Rio de Janeiro.
Porém, os países se opõem à introdução de qualquer forma de barreiras ao comércio e ao investimento como justificativa de desenvolver uma economia verde. Segundo a declaração, ações para implantação do desenvolvimento sustentável no planeta são “um meio para alcançar as prioridades fundamentais e não um fim”.
Flexibilidade dos governos
O documento afirma ainda que os governos têm que ter flexibilidade e espaço político para fazer suas escolhas “e definir seus caminhos” sobre a questão, preservando o cumprimento das Metas do Milênio, que têm de ser cumpridas por países em desenvolvimento até 2015 e focam principalmente no combate à pobreza no mundo.
“Temos de assegurar que o crescimento nesses países não pode ser afetado. Qualquer desaceleração teria graves consequências para a economia mundial”, afirma a declaração, que foi assinada pela presidente Dilma Rousseff, na Índia.
A declaração afirma também que China, África do Sul, Índia e Rússia vão ajudar o Brasil a trabalhar na conferência para “um resultado positivo e prático”. Eles ainda mencionam a preocupação com as mudanças climáticas e prometem “se esforçar para implementar nos países protocolos voltados à biodiversidade”, cumprindo as metas impostas pela Convenção da ONU sobre o tema.
A índia recebe em outubro a Conferência das Partes sobre a Biodiversidade e o Catar a COP-18, sobre mudanças climáticas.
Resultados
Índia e Brasil querem uma nova ordem mundial e reformas no Conselho de Segurança das Nações Unidas que levem em consideração a nova realidade do mundo, afirmou a presidente brasileira em um artigo publicado no jornal “The Times of India”.
“Brasil e Índia convergem fortemente para a reforma das organizações internacionais, seja a ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a criação de um novo modelo de responsabilidade do FMI ou o estabelecimento de novos fóruns de alto nível, como o G20, IBAS, BASIC e Brics”, afirma Dilma.

Até amanhã,amig@s!

Fonte: G1

Rascunho de documento da Rio+20 passa de 20 para 178 páginas.

O rascunho do documento base da Rio+20, a Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, que ocorre em junho no Rio de Janeiro, passou de 20 para 178 páginas, segundo a ONU. O aumento “foi o resultado de um aprofundamento do escopo dos acordos que devem ser feitos e também dos assuntos abordados no texto”, afirmou a organização em comunicado. O novo texto ainda não foi divulgado pela ONU.


A ampliação do número de páginas ocorreu durante uma nova rodada de negociações sobre o “Rascunho Zero” da Rio+20, lançado em 11 de janeiro. Encerrada nesta quarta-feira, ela reuniu países membros das Nações Unidas em Nova York e obteve alguns avanços, segundo comunicado da ONU.
“[A dedicação dos países] mostra ao mundo o quanto eles se importam com esta conferência e com a oportunidade que ela traz”, afirmou o secretário-geral do evento, Sha Zukang. “As discussões ao longo da última semana e meia mostram que os Estados membros estão altamente comprometidos com a Rio+20, pautados em ações concretas”.
A ONU reconheceu, no entanto, que alguns países manifestaram preocupações. Para eles, “elementos chave da sustentabilidade não foram incluídos no Rascunho Zero”, diz o comunicado das Nações Unidas, sem especificar os países nem suas preocupações.
A próxima negociação do texto base será realizada em Nova York de 23 de abril a 4 de maio. Uma última rodada ocorre no Rio de Janeiro, dias antes da conferência. Segundo Zukang, será “um processo árduo”. “O texto compilado é longo, os dias de negociação são limitados”, afirmou.
O texto final provavelmente vai recomendar ações para diversos desafios globais, segundo o comunicado da ONU. Entre eles estão: falta de acesso a água e energia, desemprego, aumento das desigualdades, lacunas tecnológicas, rápida urbanização e segurança alimentar.

Até amanhã, amig@s!

Fonte: G1

Mais de 10 mil filhotes de tartarugas são soltos em rio de Mato Grosso.

Cerca de 10 mil filhotes de tartarugas foram soltos em praias de água doce na região do Araguaia, através de um projeto de proteção ambiental realizado no nordeste de Mato Grosso. O trabalho de manejo e repovoamento das colônias das espécies é feito na tentativa de evitar o contrabando da carne das tartarugas, utilizada tanto para consumo e também para produção de cosméticos.

Projeto é feito na tentativa de evitar o contrabando da carne das tartarugas (Foto: Assessoria /Sedraf-MT)


O projeto ‘Amigos da natureza’ começou em 2010 e trabalha com a coleta dos ovos das tartarugas
para serem monitorados por pessoas voluntárias autorizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com apoio do governo do estado.
Inicialmente feito na região da cidade de Luciara, a 1.180 quilômetros de Cuiabá, o projeto se estendeu para os municípios de Santa Terezinha, Novo Santo Antônio, São Félix do Araguaia e Porto Alegre do Norte.
Em entrevista do G1, o biólogo e coordenador do projeto, Francisco Assis Ribeiro Sousa, explicou que o trabalho é feito na região do Araguaia que envolve o Rio das Mortes, Rio Tapirapé e Rio Araguaia. “Coletamos os ovos antes do período da desova e fazemos a transferência deles. Fazemos um monitoramento das áreas até o nascimento para que consigam [tartarugas] sobreviver longe dos predadores e caçadores”, explicou.
A última soltura ocorreu no começo deste mês com 10 mil tartaruguinhas devolvidas às praias do Rio Araguaia, no município de Santa Terezinha, a 1.329 quilômetros da capital do estado.
Contrabando
Ainda segundo Assis, as espécies protegidas são a Tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa) e a Tracajá (Podocnemis unifilis). Além do manejo dos filhotes, o projeto ainda prevê ações de conscientização de pescadores e ribeirinhos para ajudarem na preservação das tartarugas.
“Existe o contrabando da carne de tartaruga para outras regiões do Brasil. As pessoas vem pra cá, se instalam em pousadas e capturam as tartarugas. Elas retiram a gordura do animal e transforma em linguiça para poder contrabandear para as outras regiões do país”, eressaltou o biólogo.
A carne retirada das tartarugas é rica em proteína, apreciada por pessoas que consideram um prato saboroso. O segundo problema é o contrabando da gordura das tartarugas, utilizada para uso em cosmético e fins medicinais. Culturalmente, populações ribeirinhas e indígenas consumiam a carne. Em época de desova, milhares de ovos são esmagados e deixados ao sol, dentro de canoas para poder extrair a gordura.
“Se não tiver um trabalho para salvar a espécie e conscientização das populações ribeirinhas as tartarugas não vão sobreviver”, enfatizou Assis, que espera realizar a soltura de 20 mil filhotes ainda neste ano.
O índice de natalidade das tartarugas, de forma natural, é de 99% com sobrevivência que gira em torno de 2 a 4%. Com o projeto, o índice de sobrevivência é de 60% em média. No mesmo projeto as equipes voluntárias fazem treinamento e capacitação de pescadores para a piscicultura da espécie pirarucu, em épocas de seca nos rios de Mato Grosso.

Até amanhã, amig@s!

Fonte: G1

Organização propõe usar crédito de carbono para ajudar produtores.

O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), organização que trabalha pelo desenvolvimento sustentável do bioma, lançou nesta quarta-feira (28) análise que aponta uma nova estratégia para manter a floresta em pé e reduzir as mudanças climáticas.



A proposta do Ipam, citada na revista “Nature” desta semana, quer unir dois mecanismos já existentes e que apresentam dificuldades de emplacar. Um deles é o comércio de crédito de carbono, pelo qual emissores de CO2 pagam para manter a floresta intacta. Para o instituto, a comercialização não tem sido fácil porque faltam produtores interessados em vender os créditos.
Outro mecanismo é a tentativa de alguns agricultores e pecuaristas de tornar suas propriedades sustentáveis para atender padrões internacionais de qualidade. Estes padrões conferem “selos” de certificação, que podem aumentar o valor do produto. No entanto, diz o Ipam, as recompensas não são compatíveis com os custos necessários para tornar o negócio sustentável.
“[Compradores internacionais] impõem padrões, mas não dá mecanismo para pagar [os gastos com as mudanças necessárias]. Estamos tentando oferecer um mecanismo para pagar a conta”, resume Daniel Nepstad, coordenador de programas internacionais do Ipam.
Segundo o Ipam, as duas pontas são complementares e devem ser unidas em um consórcio. Ou seja, créditos de carbono devem ser usados para ajudar produtores rurais a tornar suas propriedades sustentáveis, recuperando áreas desmatadas e aumentando a produtividade para produzir mais alimentos sem a necessidade de novas terras e novos desmatamentos.
“A ideia é viabilizar transição da agricultura predadora para agricultura sustentável. Essa transição não é sempre barata, precisa de dinheiro, investimento, política pública, mas precisa também de demanda”, afirma.
Em junho no Rio de Janeiro, durante a Rio+20, a Conferência do Desenvolvimento Sustentável da ONU, o Ipam pretende apresentar projetos pilotos para a implementação deste consórcio em áreas da Amazônia.
Consórcio global
Segundo o instituto, é possível e necessário viabilizar o consórcio em nível global. Isso seria possível porque os dois lados da moeda têm correspondentes em larga escala.
Do lado do comércio de carbono, está em gestação a criação de um mecanismo que “compensa” financeiramente as nações que preservam a floresta e contribuem para a redução dos gases causadores do efeito estufa. Chamado de Redd+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), ele foi negociado na Conferência do Clima em Durban, em 2011 — mas não obteve avanços e por isso deve deve voltar a ser discutido.
Já do lado das melhorias nas propriedades rurais para obter selos de qualidade, existem mesas de negociação internacionais para criar padrões de sustentabilidade para algumas culturas. Até agora, já foram realizadas três, segundo o Ipam: a Bonsucro, para a cana, a RTRS, para a soja, e a RSPO, para o óleo de palma.
“Estamos tentando construir ponte entre dois processos paralelos, que buscam várias coisas em comum, mas que até agora não foram costurados. Eles andam no mesmo rumo, mas paralelamente. Um são as mesas redondas das commodities e outro é o Redd”, resume Nepstad.
Para mostrar como o consórcio poderia ser aplicado globalmente, o Ipam mapeou países que já têm as duas iniciativas: projetos de Redd a nível local e aplicação de padrões exigidos nas mesas redondas das commodities. Entre as nações encontradas estão o Brasil, México e Indonésia.
Críticas
O representante do Ipam admite que a proposta pode ser vista como uma vantagem para compradores internacionais que querem comprar produtos mais sustentáveis sem pagar pelo seu custo.
Por outro lado, pode ser acusada de favorecer setores do agronegócio, que vão obter recursos de créditos de carbono para realizar algo que é uma obrigação legal: a preservação da floresta.
“Estamos em uma bifurcação super importante. A agricultura brasileira pode se sentir impune, por exemplo, se ganhar a votação do código florestal. Ou ela pode escolher um segundo caminho, imbutindo um compromisso sócio ambiental. Assim, o Brasil garantiria liderança não só na agricultura, mas também nas questões ambientais. Nós esperamos contribuir para a segunda opção”, conclui Nepstad.

Até amanhã, amig@s!

Fonte: G1

Rumo à reforma agrária.

Caiu mais um ministro, o do Desenvolvimento Agrário. Nomeado o novo: Pepe Vargas (PT-RS), que foi prefeito de Caxias do Sul por dois mandatos e mantém boas relações com o MST.
A esperança é que a presidente Dilma Rousseff tenha dado o primeiro de três passos urgentes para o Brasil não ficar mal na foto do “concerto das nações”, como diria o Conselheiro Acácio. Os outros dois são o veto ao Código Florestal proposto pelo Senado e uma nova política ambiental e fundiária que prepare bem o país para acolher, em junho, a Rio+20.



A questão fundiária no Brasil é a nódoa maior da nação. Nunca tivemos reforma agrária. Ou melhor, uma única, cujo modelo o latifúndio insiste em preservar: quando a Coroa portuguesa dividiu nossas terras em capitanias hereditárias.
Desde 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos ao se tornar o campeão mundial de consumo de agrotóxicos. E, segundo a ONU, vem para o Brasil a maioria dos agrotóxicos proibidos em outros países. Aqui são utilizados para incrementar a produção de commodities.
Basta dizer que 50% desses “defensivos agrícolas” são aplicados na lavoura de soja, cuja produção é exportada como ração animal. E o mais grave: desde 1997, o governo concede desconto de 60% no ICMS dos agrotóxicos. E o SUS que aguente os efeitos… Nos trabalhadores do campo e em todos nós que consumimos produtos envenenados.
Os agrotóxicos não apenas contaminam os alimentos. Também degradam o solo e prejudicam a biodiversidade. Afetam a qualidade do ar, da água e da terra. E tudo isso graças ao sinal verde dado por três
Ministérios, nos quais são analisados antes de chegarem ao mercado: Saúde, Meio Ambiente e Agricultura.
É uma falácia afirmar que os agrotóxicos contribuem para a segurança alimentar. O aumento do uso deles em nada fez decrescer a fome no mundo, como indicam as estatísticas.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tenta manter o controle sobre a qualidade dos agrotóxicos e seus efeitos. Mas, quando são vetados, nem sempre consegue vencer as pressões da bancada ruralista sobre outros órgãos do governo e, especialmente, sobre o Judiciário.
A Cúpula Mundial do Meio Ambiente na África do Sul, em 2002, emitiu um documento em que afirma que a produção mundial de alimentos aumentou em volume e preço (devido ao uso de agrotóxicos e sementes transgênicas). À custa de devastação dos solos, contaminação e desperdício da água, destruição da biodiversidade, invasão de áreas ocupadas por comunidades tradicionais (indígenas, clãs, pequenos agricultores, etc.). Fica patente, pois, que a chamada “revolução verde” fracassou.
Hoje, somos sete bilhões de bocas no planeta. Em 2050, seremos nove bilhões. Se medidas urgentes não forem tomadas, há de se agravar a sustentabilidade da produção agrícola.
Conservação, alocação e manejo da água, proteção da biodiversidade, promoção do uso sustentável das florestas, e ampliação das informações sobre os impactos das mudanças climáticas.
Quanto aos primeiro e terceiro itens, sobretudo, o Brasil marcha na contramão: cada vez mais se ampliam as áreas de produção extensiva para monocultivo, destruindo a biodiversidade, o que favorece a multiplicação de pragas. Como as pragas não encontram predadores naturais, o recurso é envenenar o solo e a água com agrotóxicos. E com frequência isso não dá resultado. No Ceará, uma grande plantação de abacaxi fracassou, malgrado o uso de 18 diferentes “defensivos agrícolas”.
Tomara que o ministro Pepe Vargas consiga estabelecer uma articulação interministerial para livrar o Brasil da condição de “casa da mãe Joana” das multinacionais da insustentabilidade e da degradação do nosso patrimônio ambiental. E acelere o assentamento das famílias sem-terra acampadas à beira de rodovias, bem como a expropriação, para efeito social, de terras ociosas e também daquelas que utilizam mão de obra escrava.
Governo é, por natureza, expressão da vontade popular. E a ela deve servir. O que significa manter interlocução permanente com os movimentos sociais interessados nas questões ambiental e fundiárias, irmãs siamesas que não podem ser jamais separadas.
Autor: Frei Betto - escritor e autor, em parceria com Marcelo Gleiser, de Conversa sobre a fé e a ciência (Agir), entre outros livros.
** Publicado originalmente no site Adital

Até amanhã, amig@s!

Um mundo de petróleo cada vez mais difícil.

Os preços do petróleo agora estão mais altos do que alguma vez estiveram – exceto nuns poucos momentos frenéticos antes do colapso econômico global de 2008. Muitos fatores imediatos contribuem para esta alta, incluindo ameaças do Irã de bloquear o trânsito de petróleo no Golfo Pérsico, temores de uma nova guerra no Oriente Médio e perturbações na Nigéria, rica em petróleo.





 Algumas destas pressões podem diminuir nos meses pela frente, proporcionando alívio temporário na bomba de gasolina. Mas a causa principal dos preços mais elevados – uma mudança fundamental na estrutura da indústria petrolífera – não pode ser revertida e, assim, os preços do petróleo estão destinados a permaneceram altos por um longo tempo daqui para a frente.
Em termos de energia, estamos agora entrando num mundo cuja natureza implacável ainda tem de ser plenamente apreendida. Esta mutação essencial foi provocada pelo desaparecimento do petróleo relativamente acessível e barato – o “petróleo fácil”, na linguagem dos analistas da indústria. Noutras palavras, a espécie de petróleo que impulsionou uma expansão vertiginosa da riqueza global ao longo dos últimos 65 anos, bem como a criação de infindáveis comunidades suburbanas orientadas para o carro. Este petróleo está agora quase acabado.
O mundo ainda dispõe de grandes reservas de petróleo, mas estas são difíceis de alcançar, difíceis de refinar, a variedade “petróleo árduo”. A partir de agora, todo barril que consumirmos será mais custoso para extrair, mais custoso para refinar – e, assim, mais caro na bomba de gasolina.
Aqueles que afirmam que o mundo permanece “inundado” de petróleo estão tecnicamente corretos: o planeta ainda dispõe de vastas reservas. Mas os propagandistas da indústria petrolífera geralmente deixam de enfatizar que nem todos os reservatórios de petróleo são semelhantes: alguns estão localizados próximos à superfície ou próximos à costa e estão contidos em rocha porosa; outros estão localizados no subsolo profundo, no offshore distante, ou presos em formações rochosas inflexíveis. Os sítios anteriores são relativamente fáceis de explorar e proporcionam um combustível líquido que pode ser prontamente refinado em líquidos utilizáveis; os segundos só podem ser explorados com técnicas custosas, ambientalmente arriscadas e muitas vezes resultam num produto que deve ser fortemente processado antes que a refinação possa sequer começar.
A simples verdade sobre o assunto é esta: a maior parte das reservas fáceis do mundo já foram esgotadas – exceto aquelas em países espinhosos como o Iraque. Virtualmente todo o petróleo que resta está contido em reservas mais difíceis de serem atingidas. Isto inclui o petróleo do offshore profundo, o petróleo do Ártico e o petróleo de xisto, juntamente com as “areias betuminosas” do Canadá – as quais não são compostas de petróleo de modo algum, mas sim de lama, areia e alcatrão semelhante a betume. As chamadas reservas não convencionais destes tipos podem ser exploradas, mas muitas vezes a um preço desconcertante, não apenas em dólares mas também em danos para o ambiente.
No negócio do petróleo, esta realidade foi reconhecida primeiramente pelo presidente e CEO da Chevron, David O’Reilly, numa carta de 2005 publicada em muitos jornais norte-americanos. “Uma coisa é clara”, escreveu ele, “a era do petróleo fácil está acabada”. Não só muitos dos campos existentes estavam em declínio, observou ele, como “novas descobertas de energia estão a ocorrer principalmente em lugares onde os recursos são difíceis de extrair, fisicamente, economicamente e mesmo politicamente”.
Nova prova desta mutação foi proporcionada pela Agência Internacional de Energia (IEA), numa revisão de 2010 das perspectivas do petróleo mundial. Na preparação deste relatório, a agência examinou os rendimentos históricos dos maiores campos produtores do mundo – o “petróleo fácil” sobre o qual o mundo ainda repousa para o grosso da sua energia de forma esmagadora. Os resultados foram espantosos: esperava-se que aqueles campos perdessem três quartos da sua capacidade produtiva ao longo dos 25 anos seguintes, eliminando 52 milhões de barris de petróleo por dia da oferta mundial, ou cerca de 75% da atual produção mundial. As implicações eram estarrecedoras: ou descobrir petróleo novo para substituir aqueles 52 milhões de barris/dia, ou a era do petróleo chegará logo a um fim e a economia mundial entraria em colapso.
Naturalmente, como a IEA tornou claro em 2010, haverá novo petróleo, mas só da variedade difícil que exigirá um preço de todos nós – e do planeta, também. Para apreender as implicações da nossa crescente dependência do petróleo difícil, vale a pena dar uma olhadela em alguns dos mais apavorantes pontos sobre a Terra. Assim, apertem os vossos cintos de segurança: primeiro estamos a ir para o mar para examinar o “promissor” novo mundo do petróleo do Século 21.
Petróleo de águas profundas
As companhias de petróleo têm estado a perfurar em áreas offshore desde há algum tempo, especialmente no Golfo do México e no Mar Cáspio. Até recentemente, contudo, tais esforços verificavam-se invariavelmente em águas relativamente rasas – umas poucas centenas de metros, na maior parte – o que permitia às companhias utilizarem perfuradores convencionais montados sobre colunas extensas. A perfuração em águas profundas, em profundidades que ultrapassam os 300 metros, é um assunto inteiramente diferente. Ela requer plataformas de perfuração especializadas, refinadas e imensamente caras, que podem custar milhares de milhões de dólares para produzir.
A Deepwater Horizon, destruída no Golfo do México em abril de 2010 devido a uma explosão catastrófica, é bastante típica deste fenômeno. O vaso foi construído em 2001 por uns US$ 500 milhões e custa cerca de US$ 1 milhão por dia para conservar e manter. Parcialmente devido a estes altos custos, a BP estava com pressa de acabar o trabalho do seu malfadado furo Macondo e mover a Deepwater Horizon para outro local de perfuração. Tais considerações financeiras, acreditam muitos analistas, explicam a pressa com a qual a tripulação do vaso selou o furo – levando a uma fuga de gases explosivos dentro do poço e a explosão resultante. A BP agora terá de pagar algo para além de US$ 30 bilhões para atender todas as reclamações pelo dano feito com a sua fuga de petróleo maciça.
A seguir ao desastre, a administração Obama impôs uma proibição temporária à perfuração no offshore profundo. Mal se passaram dois anos, a perfuração nas águas profundas do Golfo está outra vez em níveis de pré-desastre. O presidente Obama também assinou um acordo com o México que permitia perfurar na parte mais profunda do Golfo, ao longo da fronteira marítima norte-americana-mexicana.
Enquanto isso, a perfuração em águas profundas está a ganhar velocidade alhures. O Brasil, por exemplo, movimenta-se para explorar seus campos “pré-sal” (assim chamados porque jazem abaixo de uma camada de sal), nas águas do Oceano Atlântico, muito longe da costa do Rio de Janeiro. Novos campos offshore estão analogamente a ser desenvolvidos nas águas profundas de Gana, Serra Leoa e Libéria.
Em 2020, diz o analista de energia John Westwood, estes campos de águas profundas fornecerão 10% do petróleo mundial, quando eram apenas 1% em 1995. Mas este acréscimo de produção não sairá barato: a maior parte destes novos campos custará dezenas ou centenas de milhares de milhões de dólares para desenvolver e só se demonstrará lucrativo desde que o petróleo continue a ser vendido por US$ 90 ou mais por barril.
Os campos offshore do Brasil, considerados por alguns peritos como as mais prometedoras novas descobertas deste século, demonstrar-se-ão especialmente caros porque jazem sob 2,4 mil metros de água e quatro mil metros de areia, rocha e sal. Serão necessários os mais avançados e custosos equipamentos de perfuração do mundo – alguns deles ainda a serem desenvolvidos. A Petrobras, a empresa de energia controlada pelo Estado, já comprometeu US$ 53 bilhões para o projeto no período 2011-2015, e a maior parte do analistas acredita que isto será apenas um modesto pagamento inicial de um estarrecedor preço final.
Petróleo ártico
Espera-se que o Ártico proporcione uma fatia significativa da futura oferta mundial. Até recentemente, a produção no extremo Norte foi muito limitada. Exceto na área de Prudhoe Bay, no Alasca, e num certo número de campos na Sibéria, as grandes companhias têm geralmente evitado a região. Mas agora, ao verem poucas outras opções, elas estão a preparar-se para grandes investidas num Ártico em fusão.
De qualquer perspectiva, o Ártico é o último lugar para se querer ir a fim de furar por petróleo. As tempestades são frequentes e as temperaturas no inverno mergulham muito abaixo do ponto de congelamento. A maior parte do equipamento comum não operará sob estas condições. São necessários substitutivos especializados (e custosos). As equipes de trabalho não podem viver na região por muito tempo. A maior parte dos abastecimentos – comida, combustível, materiais de construção – devem ser trazidos de milhares de quilômetros a um custo fenomenal.
Mas o Ártico tem os seus atrativos: milhares de milhões de barris de petróleo inexplorado. Segundo o U.S. Geological Survey (USGS), a área Norte do Círculo Ártico, com apenas 6% da superfície do planeta, contém uma estimativa de 13% do seu petróleo remanescente (e ainda maior fatia do seu gás natural não desenvolvido) – números com que nenhuma outra região pode competir.
Sobrando poucos lugares para ir, as grandes empresas de energia agora estão a preparar-se para uma corrida a fim de explorar as riquezas do Ártico. Neste verão, espera-se que a Royal Dutch Shell comece furos de teste em porções dos Mares Beauforte Chukchi, ao Norte do Alasca (a administração Obama ainda deve conceder as autorizações finais de operação para estas atividades, mas espera-se a aprovação). Ao mesmo tempo, a Statoil e outras firmas planejam perfurar no Mar de Barents, ao Norte da Noruega.
Com estes cenários energéticos extremos, o aumento da produção no Ártico impulsionará significativamente os custos operacionais das companhias de petróleo. A Shell, por exemplo, já gastou US$ 4 bilhões só nos preparativos para furos de teste no offshore do Alasca, sem produzir um único barril de petróleo. O desenvolvimento em plena escala nesta região ecologicamente frágil, tenazmente contrariado por ambientalistas e povos nativos locais, multiplicará este número muitas vezes mais.
Areias betuminosas e petróleo pesado
Espera-se que outra fatia significativa do futuro abastecimento mundial de petróleo venha das areias betuminosas do Canadá (também chamadas areias petrolíferas) e do petróleo superpesado da Venezuela. Nada disto é petróleo tal como é normalmente entendido. Não sendo líquidos nos seu estado natural, eles não podem ser extraídos pelos materiais de furação tradicionais, mas existem em grande abundância. Segundo o USGS, as areias betuminosas do Canadá contêm o equivalente a 1,7 trilhão de barris de petróleo convencional (líquido), ao passo que os depósitos de petróleo pesado da Venezuela dizem abrigar outro milhão de milhões de petróleo equivalente – embora nem tudo seja considerado “recuperável” com a tecnologia existente.
Aqueles que afirmam que a era do petróleo está longe de estar ultrapassada apontam estas reservas como prova de que o mundo ainda pode extrair imensas quantidades de combustíveis fósseis inexplorados. E certamente é concebível que, com a aplicação de tecnologias avançadas e uma indiferença total para com as consequências ambientais, estes recursos na verdade serão colhidos. Mas não é petróleo fácil.
Até agora, as areias betuminosas do Canadá foram exploradas por um processo análogo à mineração a céu aberto, utilizando pás monstruosas para arrancar uma mistura de areia e betume do solo. Mas a maior parte do betume próximo à superfície nas areias betuminosas ricas da província de Alberta foram exauridas, o que significa que toda extração futura exigirá um processo muito mais complexo e custoso. Terá de ser injetado vapor nas concentrações mais profundas para fundir o betume e permitir a sua recuperação por meio de bombas maciças. Isto exige um investimento colossal em infraestrutura e energia, bem como a construção de instalações de tratamento para todos os resíduos tóxicos resultantes. Segundo o Canadian Energy Research Institute, o pleno desenvolvimento das areias petrolíferas de Alberta exigiria um investimento mínimo de US$ 218 bilhões ao longo dos próximos 25 anos, não incluindo o custo de construir oleodutos para os Estados Unidos (tal como o proposto Keystone XL) para processamento em refinarias norte-americanas.
O desenvolvimento do petróleo pesado da Venezuela exigirá investimento numa escala comparável. Acredita-se que o cinturão do Orenoco, uma concentração especialmente densa de petróleo pesado adjacente ao Rio Orenoco, contenha reservas recuperáveis de 513 bilhões de barris de petróleo – talvez a maior fonte de petróleo inexplorado do planeta. Mas, converter esta forma de betume semelhante a melaço num combustível líquido, excede em muito a capacidade técnica ou os recursos financeiros da companhia estatal, Petróleos de Venezuela S/A. Consequentemente, ela está agora à procura de parceiros estrangeiros dispostos a investir os US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões necessários apenas para construir as instalações.
Os custos ocultos
Reservas difíceis como esta proporcionarão a maior parte do novo petróleo do mundo nos próximos anos. Uma coisa é clara: mesmo se puderem substituir o petróleo fácil nas nossas vidas, o custo de tudo o que está relacionado com petróleo – seja a gasolina na bomba, produtos com base no petróleo, fertilizantes, tudo por toda a parte das nossas vidas – está em vias de ascender. Habitue-se a isto. Se as coisas decorrerem como se planeja atualmente, estaremos pendurados no big oil nas próximas décadas.
E estes são apenas os custos mais óbvios numa situação em que abundam custos ocultos, especialmente para o ambiente. Tal como no desastre da Deepwater Horizon, a extração em áreas do offshore profundo e em outras localizações geográficas extremas garantirá riscos ambientais sempre maiores. Afinal de contas, aproximadamente 22 milhões de litros de petróleo foram despejados no Golfo do México, graças à negligência da BP, provocando danos extensos a animais marinhos e ao habitat costeiro.
Recordar que, por mais catastrófico que fosse, ele ocorreu no Golfo do México, onde podiam ser mobilizadas forças amplas para a limpeza e a capacidade de recuperação do ecossistema era relativamente robusta. O Ártico e a Groenlândia representam um risco diferente, dado a sua distância das capacidades de recuperação estabelecidas e a extrema vulnerabilidade dos seus ecossistemas. Os esforços para restaurar tais áreas na sequência de fugas de petróleo maciças custariam muitas vezes os US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões que a BP pretende pagar pelo danos da Deepwater Horizon e serão muito menos eficazes.
Além de tudo isto, muitos dos campos de petróleo difícil mais promissores estão na Rússia, na bacia do Mar Cáspio, e em áreas conflituosas da África. Para operar nestas áreas, companhias de petróleo serão confrontadas não só com os custos previsivelmente altos da extração, como também com custos adicionais envolvendo sistemas locais de suborno e extorsão, sabotagem por grupos de guerrilha e as consequências de conflitos civis.
E não esquecer o custo final: se todos estes barris de petróleo e substâncias afins do petróleo forem realmente produzidos a partir dos menos convidativos lugares neste planeta, então nas próximas décadas continuaremos a queimar combustíveis fósseis maciçamente, criando sempre mais gases de efeito estufa como se não houvesse amanhã. E aqui está a triste verdade: se prosseguirmos no caminho do petróleo difícil, ao invés de investirmos maciçamente em energias alternativas, podemos excluir qualquer esperança de impedir as mais catastróficas consequências de um planeta mais quente e mais turbulento.
De modo que, sim, há petróleo não convencional. Mas não, ele não será mais barato, não importa quanto haja. E, sim, as companhias de petróleo podem obtê-lo, mas, olhando realisticamente, quem o desejaria?
Autor: Michael T. Klare - autor de The Race for What’s Left: The Global Scramble for the World’s Last Resources(Metropolitan Books).

Até amanhã, amig@s!

** Publicado originalmente no site Revista Fórum.
Fonte: Envolverde

Os desafios da gestão das águas: poluição, acesso, saneamento e Código Florestal.

Há 19  anos celebra-se, no dia 22 de março, o Dia Mundial da Água. Entretanto, com a ameaça de escassez e números alarmantes sobre o acesso ao recurso hídrico, há pouco a se comemorar nesta data. Entre os principais desafios de gestão do recurso hídrico, incluem-se o acesso e a distribuição igualitária da água, a proteção e renaturalização dos rios e a proteção das matas ciliares – seriamente ameaçada com o novo Código Florestal a ser votado no Congresso.



Para se ter ideia, cerca de um bilhão de pessoas não tem um copo de água limpa para beber, embora o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) de acesso a água potável tenha sido atingida. No Brasil, a situação não é muito diferente. Isto porque, apesar do país possuir 12% da água superficial doce do mundo, a grandeza do território brasileiro dificulta a distribuição igualitária do recurso – sendo escassa no sertão nordestino, por exemplo.
Além disso, outro desafio enfrentado é a ausência de esgotamento sanitário. Embora seja um direito básico, pouco mais de 40% da população brasileira ainda não tem acesso à rede de esgoto. No mundo, quase cinco mil crianças morrem diariamente por doenças relacionadas a qualidade da água e falta de saneamento básico. Além disso, a cada mil litros de água utilizados, dez mil são poluídos, segundo dados a Organização das Nações Unidas.
Entraves
A poluição é o principal problema dos rios urbanos, embora não seja o único. Um levantamento divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica avaliou 49 rios em 11 Estados brasileiros. Nenhum dos rios, avaliados de janeiro de 2011 a março de 2012, obteve resultado satisfatório no teste.
A gravidade da situação levou a especialista em política ambiental e das águas, Elisabete Santos, a decretar o fim dos rios. “Assistimos a cada dia a morte silenciosa dos nossos rios. O processo de urbanização nas grandes cidades é predatório”, afirmou ao EcoD.
O quadro pode piorar ainda mais caso seja aprovado o novo Código Florestal oriundo do Senado. Segundo o texto, cuja votação ainda é alvo de negociação política, a proteção mínima de 30 metros de mata ciliar em rios com até dez metros de largura será reduzida pela metade, para 15 metros.
Nas zonas urbanas, a delimitação das faixas mínimas de vegetação ao longo dos rios ficará a critério da decisão dos planos diretores e leis estaduais de uso do solo. A redução foi criticada pela Agência Nacional das Águas, tendo os comitês das bacias hidrográficas apresentado uma moção contra a proposta.
A mata ciliar é considerada uma Área de Preservação Permanente (APP), uma vez que tem uma função essencial para ciclos hidrológicos. Além de proteger os rios de contaminações, pois retêm materiais em suspensão, a cobertura vegetal colabora para a recarga dos aquíferos subterrâneos. Especialistas acreditam que a falta desta vegetação vai interferir significativamente nos recursos hídricos brasileiros e encarecer o acesso a água, uma vez que o custo para purificar o recurso é de dez a 20 vezes maior do que proteger as matas ciliares.
Infraestrutura
Especialista em drenagem, o pesquisador de engenharia hidráulica da USP (Universidade São Paulo), Sadalla Domingos, afirmou que o problema vai além das margens dos rios. “Não basta olharmos para a várzea, devemos cuidar de toda a bacia hidrográfica”. Segundo ele, todo o sistema brasileiro de drenagem precisa ser revisto, uma vez que o modelo adotado pelas capitais brasileiras não suportam a impermeabilização dos solos.
Além disso, para ele, não basta pensar em drenagem sem procurar soluções para o saneamento básico e o lixo. “Não posso pensar os rios como um componente central dos sistemas de drenagem, sem o capilar (início do sistema, que possui ligação com o usuário) resolvido. Não se pode dar um passo só em esgoto ou um passo em drenagem. Tem que dar um passo coerente em tudo”, ressaltou ele ao EcoD. O professor é um dos principais difusores da ideia de renaturalização dos rios.
Com o fim da canalização de concreto e o plantio de vegetação nas margens, a ideia é que a renaturalização minimize as enchentes, por exemplo. A remoção do concreto de córregos ajuda a combater enchentes porque a água é absorvida pelas margens e demora mais para chegar aos pontos críticos. “Na renaturalização tem espaço para todo mundo”, defendeu o professor.
* Publicado originalmente no site EcoD.
Autor: Raíza Tourinho, do EcoD

Até amanhã, amig@s!

Fonte: Envolverde

O caso do carbono indígena e as lições aprendidas.

Vem gerando um zum-zum-zum a história, que veio a público por uma reportagem da agência de notícias Pública, do contrato de venda de carbono florestal assinado entre os índios Munduruku e uma obscura empresa irlandesa denominada Celestial Green Ventures. A polêmica gira em torno da legalidade ou não do contrato, pelo qual os Munduruku “vendem” à empresa – por US$ 4 milhões anuais, distribuídos ao longo de 30 anos – o direito de comercializar eventuais e futuros créditos de carbono derivados da conservação da floresta existente em suas terras (TI Munduruku).


Na grande mídia, a história ganhou ares de ameaça à soberania nacional: os índios estariam vendendo, a preço de banana, uma fatia da Amazônia. Para os que estão em busca de razões para tirar terra dos povos indígenas (há várias propostas legislativas nesse sentido), isso seria a demonstração de que não se deve deixar nas mãos de pessoas tão irresponsáveis pedaços tão importantes de nosso território. Muito melhor seria deixar as terras públicas nas mãos de grandes produtores. Estes, embora também vendam muito do que produzem para multinacionais (Bunge, Cargill, Mafrig, etc.), o fazem em nome do “progresso”.
Não há, no entanto, qualquer ameaça à soberania nesse caso, pois o que está sendo negociado não é a terra ou a floresta que os índios preservaram. Mesmo que assim fosse, o contrato seria nulo, na medida em que a Constituição Federal impede que as terras indígenas ou suas riquezas naturais sejam alienadas a terceiros (Artigo 231, §4o). Jamais um tribunal validaria tal contrato.
No caso específico, o objeto do contrato é a “cessão”, por parte dos índios, do direito de comercialização de eventuais e futuros créditos de carbono que podem vir a ser gerados, a partir da conservação da floresta existente na TI Munduruku (99,5% da área ainda está preservada). Em linguagem jurídica, diríamos que o contrato não está alienando bens, mas mera expectativa de direito. Isto por dois motivos: a) não existe, neste momento, mercado estabelecido para créditos de carbono derivados de desmatamento evitado; b) mesmo que existisse, da forma como aparentemente foi feita essa “parceria”, nada garante que de fato não haverá aumento do desmatamento futuro na área. Explico.
REDD
A Conferência de Durban sobre Mudanças Climáticas, realizada no final do ano passado, jogou para 2020 o estabelecimento de um novo período de compromisso de redução de emissões de gases de efeito estufa para os países industrializados. Enquanto isso, os países que já cumpriram com suas metas atuais não precisarão aumentá-las e os que não conseguiram cumprir (Japão, Canadá, Austrália) ficarão sem qualquer meta.
Essa indecisão mundial praticamente inviabilizou o nascimento, num curto prazo, de qualquer mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) (saiba mais) que pudesse gerar a demanda por emissão de créditos oriundos de desmatamento evitado. Não há hoje, portanto, regras sobre como poderiam ser emitidos e muito menos um mercado para créditos florestais. O que existe é um ainda incipiente e desregulado mercado voluntário, o qual, embora salutar, aproxima-se muito mais de “marketing verde” do que de um mecanismo de redução de emissões. E que, por essa razão, tem uma demanda ínfima.
Além disso, há outro problema grave na negociação entre essa empresa e os Munduruku. Ela pressupõe que, no futuro, a floresta estará lá e que, portanto, se mercado e regulamentação houver, algum crédito será gerado. Mas o que garante que a floresta continuará preservada? Os US$ 4 milhões? Obviamente, não.
O desmatamento evitado não é o resultado de um contrato ou mesmo de um pagamento. Sobretudo em terras indígenas, ele só pode ser alcançado a partir de um adequado planejamento de uso do território, que possa projetar no futuro a forma como os índios querem lidar com os recursos naturais de suas terras. Na Colômbia, esse planejamento tem reconhecimento oficial (planes de vida) e é a base para o repasse de recursos públicos para gestão pelas autoridades indígenas. No Brasil, eles ainda não existem oficialmente, mas poderiam – e deveriam – ser incentivados se a Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI), elaborada pelo governo federal, em 2010, com ampla consulta às populações indígenas, já tivesse sido aprovada pela presidente da República.
Existem iniciativas positivas de discussão de REDD com povos indígenas em curso no Brasil, que partem da elaboração de um plano de uso do território. Questões como fiscalização das fronteiras, manejo florestal, estrutura das aldeias, transporte, saúde, educação, fortalecimento institucional das associações indígenas e aprimoramento dos sistemas agrícolas são elementos que devem constar de longas e profundas discussões entre os moradores das terras, anciões e jovens, pajés e agentes de saúde. Sem acordos internos e um planejamento adequado, é impossível garantir que não haverá desmatamento, pois, sobretudo com o avanço da fronteira agrícola para as regiões onde estão as terras indígenas, a conservação estará permanentemente ameaçada. O novo Código (des)Florestal em discussão no Congresso Nacional, por exemplo, permitirá que até 20% das Terras Indígenas possam ser desmatados para uso alternativo do solo (pastagens ou atividades agrícolas). Portanto, a conservação florestal (e dos estoques de carbono) é e continuará sendo uma opção dos povos indígenas, não um fato do destino.
Desafio
Uma vez que a maior parte das terras indígenas na Amazônia brasileira já foi oficialmente reconhecida, entramos agora numa nova fase, cujo desafio é justamente apoiar os povos indígenas a gerir suas terras num contexto totalmente distinto daquele que existia quando grande parte de seus atuais líderes nasceu. O avanço das estradas, hidrovias, hidrelétricas, fazendas, madeireiras e cidades traz ameaças, mas também oportunidades, que podem ser bem ou mal aproveitadas. Hoje grande parte da população indígena amazônica ainda vive numa economia de subsistência, com pouquíssimos serviços públicos (saúde e educação) disponíveis para ela e dependendo do assistencialismo da Fundação Nacional do Índio (Funai), ou de projetos-piloto executados em parceria com ONGs, para conseguir algum excedente monetário. Esta é uma situação obviamente insustentável num futuro mediato e, se não houver apoio público à opção “uso florestal”, muitos povos podem cair, mais cedo ou mais tarde, no dilema vivido pelos Pareci (MT), que hoje arrendam parte de seu território para sojicultores vizinhos, por absoluta falta de alternativas viáveis.
Fica claro, portanto, que nenhum projeto de REDD terá qualquer chance de sucesso se não se basear num projeto de vida das populações envolvidas, numa opção pela geração de bem-estar a partir do uso sustentável da floresta. Nesse contexto, eventuais créditos de carbono podem ser uma fonte valiosa de recursos para financiar a implementação desse projeto. Não a única, mas uma fundamental.
O caso dos Munduruku aparentemente não tem nada disso. O contrato paira sobre um vácuo. Não houve – pelo menos não veio a público – qualquer planejamento de uso do território, não tem qualquer acordo entre os próprios índios sobre o futuro. Não há uma estratégia sobre como lidar com as cada vez mais frequentes ameaças à floresta que ali existe, nem um plano de como capacitar as novas gerações a usá-la de forma tão parcimoniosa como as anteriores, mas com agregação de valor que lhes permita gerar bem-estar.
Esse contrato seria, portanto, fruto de um oportunismo de uma empresa obscura, que, no fundo, não ameaça o país ou a Amazônia, mas os próprios índios que o assinaram. Ele tenta, na verdade, criar um obstáculo jurídico aos Munduruku caso, no futuro, exista realmente um mecanismo de REDD – e de redução de emissões – em funcionamento no Brasil e no mundo, e as florestas de suas terras venham a ganhar algum valor por poder gerar créditos de carbono. Esse contrato obrigará os índios a negociar com essa empresa para poder acessar esse eventual e futuro mercado, já que a ela cederam o direito de gerar e vender esses créditos. Mesmo sendo um contrato evidentemente nulo, por trazer condições abusivas para os Munduruku, ele se tornará um trunfo para a empresa, que poderá atrapalhar qualquer negociação futura dos índios. Quem vai querer comprar créditos disputados na Justiça? A situação é semelhante à que ocorreu no início da internet, quando oportunistas correram para registrar domínios em nome de empresas famosas para depois com elas negociar a preço de ouro.
Portanto, embora descabido o temor com relação à soberania nacional, esse caso traz à tona a necessidade de se avançar numa regulamentação nacional para projetos de REDD que possa separar propostas consistentes de outras vazias, como essa. E uma proposta só pode ser consistente se estiver intimamente atrelada a um plano de uso do território, seja em terras indígenas, seja em outros locais. Por essa razão, urge que a presidente da República assine o decreto que institucionaliza a PNGATI e finalmente dê recursos para que a sociedade brasileira possa investir na boa gestão das terras indígenas, algo fundamental para o futuro do clima na Terra e no Brasil, da Amazônia e dos 205 povos indígenas que nela habitam.
* Publicado originalmente no site Adital.
Autor: Raul Silva Telles do Valle, do Socioambiental.org

Até amanhã, amig@s!

Fonte: Envolverde