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sábado, 31 de março de 2012

Conferência em Londres defende PIB que inclua capital natural.

O desenvolvimento de metas para medir a sustentabilidade global e a criação de um PIB mais amplo — um índice que leve em conta, além do crescimento econômico, também o valor do capital natural — estão entre as principais recomendações da conferência Planeta sob Pressão, que terminou nesta quinta-feira em Londres, uma preparação para a Rio+20.

O Parque Nacional Serra do Pardo, no estado do Pará Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/conferencia-em-londres-defende-pib-que-inclua-capital-natural-4441957#ixzz1qdjB1g7K © 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.


“As pesquisas demonstram que o funcionamento do sistema da Terra como vem suportando o bem-estar da civilização humana nos últimos anos está em risco”, sustenta o documento, refletindo o consenso alcançado na conferência de que a atividade humana provocou alterações tão profundas no planeta que já se pode falar no início de uma nova era geológica, o Antropoceno.
— Tempo é o recurso do qual menos dispomos — afirmou a codiretora da conferência Lídia Brito, diretora de ciências políticas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A declaração “O Estado do Planeta”, divulgada ao término do encontro, listou ainda a necessidade de criação de um Conselho de Desenvolvimento Sustentável na estrutura das Nações Unidas, que integre políticas sociais, econômicas e ambientais numa esfera global. E apresentou o lançamento de um novo programa científico internacional, chamado Terra do Futuro, cujo foco será a busca de soluções para os atuais problemas.
— Temos que prover um acesso mais aberto ao conhecimento, precisamos de uma nova forma de medir o progresso diferente do PIB, e precisamos de novas maneiras de trabalhar internacionalmente para nos adequarmos ao século XXI — afirmou o codiretor da conferência Mark Stafford Smith. — A conferência ofereceu novas ideias e soluções práticas.
Os co-diretores frisaram ainda a necessidade de criação de novos modelos de desenvolvimento econômico dos países, lembrando que os atuais foram moldados pós-II Guerra Mundial, numa sociedade totalmente diferente da atual, em que o planeta se encontra profundamente alterado pela ação do homem. Numa apresentação feita por vídeo durante a cerimônia de encerramento da conferência, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, afirmou que “as mudanças climáticas, a crise financeira, e a falta de segurança em alimentos, água e energia ameaçam o bem-estar da Humanidade e da civilização como a conhecemos”.
— Meu painel global de sustentabilidade acaba de recomendar que eu considere a nomeação de um conselheiro científico ou estabeleça um conselho científico para assessorar a mim e a outros órgãos da ONU – afirmou o secretário-geral. — Eu também pretendo engajar a comunidade científica em outros projetos, como o Relatório Global para o Desenvolvimento Sustentável. Também estou pronto para trabalhar com a comunidade científica no lançamento de uma iniciativa de larga escala.
O diretor do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Achim Steiner, lembrou que não basta a a ciência registrar e documentar situações catastróficas do planeta.
— Não se trata apenas de ciência, mas das escolhas que fazemos em economia e governança — disse. — Precisamos entender que podemos ter uma sociedade rica sem destruir o meio ambiente. É preciso, por exemplo, que ministros do meio ambiente tenham mais poder decisório, mais autoridade.
A coordenadora executiva da Rio+20, Elizabeth Thompson, afirmou que a organização da conferência está em consonância com as sugestões do documento final da Planeta sob Pressão, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento do que ela chama de PIB+, que englobe, além da produção, os lados sociais e ecológicos, e também de metas de crescimento sustentável. Mas, apesar de todos os cientistas presentes frisarem o perigoso estado do planeta e clamarem por urgência na tomada de decisões, Elizabeth se irritou quando perguntada se seria possível esperar alguma decisão concreta da Rio+20, diante do fracasso, nesse sentido, de outras conferências das Nações Unidas.
— Acho que é uma forma muito pessimista de ver as coisas. No dia seguinte ao fim de Copenhague, todas as manchetes do mundo estampavam “fracasso”. Já posso ler as manchetes no fim da Rio+20: “fracasso”. “Fracasso” usaram em Kioto — lembrou. — Mas nunca tivemos tanta consciência ambiental quanto agora. Universidades ensinam mudanças climáticas. Há um mercado de carbono, leis de redução de emissões. Acho que teremos no Rio um diálogo de alto nível, algumas metas de desenvolvimento sustentável, novos investimentos em economia verde, mais políticas verdes por todo o mundo, uma transformação positiva, que leve a formas de vida mais sustentáveis, mesmo que a mídia chame de fracasso.
Insistindo num tema que foi bastante discutido na reunião de Londres, a crescente importância das ciências sociais e a compreensão do papel do indivíduo no processo de deterioração do planeta e na cobrança por soluções, Elizabeth frisou que a pressão sobre os governantes é crucial.
— O papel do cidadão, das ONGs, é pressionar os governos. Ocuppy Wall Street, a Primavera Árabe, é isso. Movimentos que fazem os governos responderem às necessidades do povo. O documento tem compromissos, mas a ONU não pode fazer nada sozinha, temos que fazer juntos — disse. — Político ou servidor público, cientista ou cidadão, comunidade ou empresa, somos todos acionistas da empresa Terra e temos uma responsabilidade conjunta de proteger nosso patrimônio comum.
Os organizadores da Planeta sob Pressão selecionaram também nove importantes temas a serem debatidos na Rio+20. São eles:
— Água: Vital para todas as sociedades, trata-se de um recurso cada vez mais escasso em razão do aumento populacional, do crescimento econômico e do mau gerenciamento.
— Alimento: garantir a produção para alimentar 9 bilhões de pessoas até 2050 é outro grande desafio da Humanidade.
— Governança: 40 anos depois da Conferência para o Desenvolvimento Humano, de 1972, e de mais de 900 tratados ambientais, o planeta está em risco mais do que nunca.
— Biodiversidade e ecossistemas: É preciso buscar formas de exploração sustentável.
— Soluções: A contribuição da ciência para evitar o colapso do planeta.
— Bem-estar humano: É preciso discutir também a sustentabilidade social, num momento de crescimento sem precedentes das populações urbanas.
— Economia Verde: O debate sobre as transformações sociais e tecnológicas necessárias para um novo sistema econômico.
— Energia: Como obter formas mais limpas e sustentáveis.
— Saúde: A saúde humana é um dos principais indicadores do desenvolvimento sustentável. Ela deve ser, portanto, uma prioridade.

Até amanhã, amig@s!

Fonte: O Globo

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