Atualmente, os dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) são os mais adotados para a projeção do aumento das temperaturas médias. A entidade afirma que até o fim do século veremos uma alta entre 1,8°C e 4°C, o que já causaria uma maior frequência de desastres climáticos e provocaria consequências como o aumento no nível do mar, queda na produção de alimentos e migrações em massa.
Porém, mesmo a previsão do IPCC pode ser muito conservadora e existe a chance de estarmos vivendo um aquecimento global bem mais acelerado do que pensamos.
Quem afirma isso é um estudo publicado neste domingo (25) no periódico Nature Geoscience, que apresenta dados das mais de 10 mil modelagens climáticas realizadas com a ajuda de computadores domésticos dos voluntários do projeto climateprediction.net.
Segundo essas simulações, as temperaturas médias devem subir entre 1,4°C e 3°C até 2050. Vale lembrar que o máximo defendido por cientistas para evitar as piores consequências das mudanças climáticas seria 2,5°C.
“Os resultados preocupam porque mostram que mesmo o cenário mais pessimista é plausível”, afirmou Dan Rowlands, líder do estudo, da Universidade de Oxford.
De acordo com o cientista, o modelo utilizado pela pesquisa é o mais complexo já proposto e agrega alguns fatores e incertezas que outras simulações desconsideraram.
“Apenas levando em conta essas incertezas, o que foi possível graças à ajuda dos computadores de voluntários, podemos tentar simular as complexidades do nosso clima”, explicou Rowlands.
Analisando dados dos últimos 50 anos e assumindo que essas informações do passado são confiáveis para prever o que vai acontecer daqui para frente, o estudo chegou à conclusão de que qualquer aquecimento entre 1,4°C e 3°C está na faixa do “provável”.
“A temperatura média da Terra durante a década de 2000 a 2010 foi quase 1°C acima da média entre 1960 e 1990”, afirmou Rowlands.
Esse aquecimento mais rápido do que o previsto precisa ser levado em conta pelos governos, alertam os cientistas.
“Melhores medidas de mitigação devem ser planejadas desde já para estarmos preparados se essa previsão de um aquecimento de mais de 2,5°C nas próximas décadas se confirmar”, afirmou Corinne Le Quere, diretora do Centro Tyndall de Pesquisas de Mudanças Climáticas da Universidade de East Anglia.
O projeto climateprediction.net já envolve mais de 30 mil voluntários, que permitem que modelos climáticos sejam rodados em seus computadores domésticos.
“É um esforço ambicioso e demonstra como cidadãos podem contribuir para a sociedade e para a ciência climática”, disse o coautor do estudo Ben Booth, do Met Office.
Até amanhã,amig@s!
Autor: Fabiano Ávila – Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais
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