Cientistas dizem que o continente africano, conhecido pelo clima seco, tem enormes reservas subterrâneas de água.
No mais completo mapa já feito da escala
e distribuição da água existente embaixo do deserto do Saara e em
outras partes da África, os especialistas dizem que esses reservatórios
subterrâneos poderiam fornecer água suficiente para o consumo e
agricultura em todo o continente, mas admitem que o processo de extração
pode ser complexo.
O trabalho, publicado na revista científica “Environmental Research Letters”, diz ainda que muitos dos antigos aquíferos africanos foram preenchidos pela última vez 5 mil anos atrás.
O trabalho, publicado na revista científica “Environmental Research Letters”, diz ainda que muitos dos antigos aquíferos africanos foram preenchidos pela última vez 5 mil anos atrás.
ESCASSEZ
Estima-se que mais de 300 milhões de
pessoas na África não tenham acesso a água potável e a demanda deve
aumentar consideravelmente nas próximas décadas, devido ao crescimento
populacional e à necessidade de irrigação para plantações.
Rios e lagos estão sujeitos a enchentes e
secas sazonais, que podem limitar a disponibilidade da água.
Atualmente, apenas 5% das terras cultiváveis africanas são irrigadas.
Agora, os cientistas da British
Geological Survey (BGS) e da University College London (UCL) esperam que
o novo mapeamento chame atenção para o potencial dos reservatórios
subterrâneos.
“As maiores reservas de água
subterrâneas ficam no norte da África, em grandes bacias sedimentares,
na Líbia, Argélia e Chade”, diz Helen Bonsor, da BGS.
“A quantidade armazenada nessas bacias é equivalente a 75 metros de água sobre aquela área. É uma quantidade enorme.”
ESTRATÉGIA
Devido a mudanças climáticas que
transformaram o Saara em um deserto ao longo dos séculos, muitos dos
aquíferos subterrâneos receberam água pela última vez há mais de 5 mil
anos.
Os cientistas basearam suas análises em mapas de governos dos países africanos, assim como em 283 estudos de aquíferos.
Eles afirmam que muitas das nações que enfrentam escassez de água têm, na verdade, reservas consideráveis embaixo do solo.
No entanto, os pesquisadores alertam que
a perfuração de poços tubulares profundos pode não ser a melhor maneira
de extrair a água, já que poderiam esgotar a fonte rapidamente.
“Poços profundos não devem ser
perfurados sem que haja um conhecimento detalhado das condições das
reservas locais. Poços simples e bombas manuais, desenvolvidos de forma
cuidadosa e nos locais certos, têm mais chance de ser bem-sucedidos”,
disse à BBC Alan McDonald, principal autor do estudo.
Helen Bonsor concorda que meios de extração mais lentos podem ser mais eficientes.
“Muitos aquíferos de baixo volume estão
presentes na África subsaariana. No entanto, nosso trabalho mostra que
com exploração e construção cuidadosas, há água subterrânea suficiente
na África para fins de consumo e irrigação comunitária”, diz ela,
acrescentando que as reservas poderiam contrabalançar os problemas
causados pela mudança climática.
“Mesmo nos menores aquíferos em áreas
semi-áridas, com baixíssimo índice de chuvas, as reservas subterrâneas
ainda durariam algo entre 20 e 70 anos”, afirma Bonsor.
“Então, nos índices atuais de extração
para consumo e irrigação em pequena escala, os reservatórios fornecem e
continuarão a fornecer proteção contra as variações do clima.”
Até amanhã, amig@s!
Fonte: Folha.com
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