A presidenta Dilma recebeu ontem no Palácio do Planalto um mapa do
Greenpeace com a radiografia das emissões de carbono da indústria do
petróleo no Brasil.
Primeiro vazamento de petróleo no Brasil, acidente com campo da Chevron
na Bacia de Campos alerta sobre o risco do pré-sal, inclusive para as
emissões brasileiras. Crédito: Rogério Santana / Divulgação / Governo do
Rio
A publicação revela que por trás do "bilhete
premiado" do petróleo, o pré-sal, há também uma bomba de carbono, que
não pode ser ignorada nem considerada apenas uma "fantasia" de
ambientalista.
Com o incremento da indústria do petróleo no país, estaremos também
diante de uma curva ascendente de emissão de gases do efeito estufa.
O
estudo mostra que, impulsionado pelas reservas do pré-sal, em 2020, o
Brasil produzirá 6,09 milhões de barris de petróleo por dia, o que
representará 955,82 milhões de toneladas de CO² na conta de emissões
mundiais - um crescimento de 197% comparado aos números atuais. Essas
emissões podem consolidar o Brasil na incômoda posição de estar entre os
três maiores emissores globais de gases do efeito estufa.
Às vésperas da Rio+20, a presidenta Dilma precisa decidir se o Brasil
vai exercer o papel de liderança, como pretende, ou se vai manter o
modelo de desenvolvimento do business as usual. Dilma tem agora em mãos
um mapa da indústria petrolífera brasileira e suas emissões e pode
utilizá-lo para repensar o peso do petróleo na nossa matriz de
combustível e na matriz energética.
Se em seu discurso a presidenta reconhece a importância das questões
climáticas e a necessidade de considerar o "clima" como um tema
transversal a outros assuntos, então que seu governo ponha em prática
políticas que estimulem de fato inovação tecnológica. O governo investe
apenas 0,61% do PIB em inovação e a indústria - setor que afirmou ontem
no Planalto que não será possível cumprir a meta de 5% de redução de
emissões até 2020 - investe apenas 0,55%. Esses números estão muito
aquém do desejável e do possível.
Impulsionar novas fontes renováveis de energia, garantir a qualidade
da água, aumentar a proteção das florestas, investir em cidades
sustentáveis e em tecnologias mais limpa e segura não é fantasia. Se o
Brasil que propor na Rio+20 um novo paradigma de crescimento que não
pareça etéreo e fantasioso, isso só será possível se a utopia da
sustentabilidade for ouvida. Crescer, incluir, proteger e conservar é um
mantra possível se os pilares da proteção e conservação forem de fato
respeitados.
Até amanhã, amig@s!
Fonte: *Renata de Camargo é coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace
Nenhum comentário:
Postar um comentário