Após uma semana de discussões em
plenária, a Comissão Internacional Baleeira (CIB) encerrou na
sexta-feira (6 de julho) mais uma reunião anual, a 64a. da história da
instituição, criada em 1946 para regulamentar a caça da baleia no mundo
todo. Ainda não foi desta vez que o Brasil e os países
latino-americanos conseguiram transformar o Atlântico Sul em um
Santuário, mas pelo menos evitaram que o Japão conseguisse uma exceção à
moratória.
O protagonismo do Brasil no encontro foi prejudicado pela
falta de técnicos na delegação brasileira e também ofuscado por uma
acusação de matança de botos na Amazônia.
Os japoneses queriam liberar uma cota de
caça a baleias-minke, que voltaria a poder ser caçadas comercialmente
ao longo da costa do país. Antes de ser votada, a proposta foi retirada
de discussão pelo país. A caça comercial de baleias é proibida pela CIB
desde 1985, quando foi instituída uma moratória. Inicialmente prevista
para durar cinco anos, a proibição foi renovada por mais cinco e depois
mantida por tempo indeterminado.
Mas a caça é permitida em situações
especiais, como para pesquisas científicas ou quando faz parte da
tradição de populações aborígenes, como os esquimós. O Japão continua a
abater centenas de baleias por ano, alegando que são usadas em
pesquisas. Para isso não precisa de autorização da CIB. O país necessita
apenas apresentar um plano de trabalho seis meses antes da reunião. Já a
caça aborígene precisa ser aprovada pela comissão, que decide também
quantos animais e de quais espécies podem ser abatidos. No entanto, a
caça aborígene é uma está na ordem de grandeza de dezenas de baleias,
uma fração do que o Japão ainda caça.
A Dinamarca, por exemplo, pretendia uma
cota de baleias para a Groenlândia. Mas a proposta não obteva os ¾ (75%)
de apoio para aprovação e foi rejeitada (25 votos a favor, 34 contra e 3
abstenções), graças ao votos de países como o Brasil, que faz parte do
grupo de Buenos Aires, formado por países latino-americanos e que têm
uma atuação contrária à caça.
Apesar da posição conservacionista, o Brasil também teve de dar satisfação sobre a morte de cetáceos, que ocorre dentro das fronteiras do país. Durante as acirradas discussões na Plenária, o país foi questionado sobre a matança de botos, usados como isca na pesca da piracatinga, na Amazônia. “O boto apareceu como o telhado de vidro do Brasil, na questão do santuário”, avalia o diretor de Pesquisa do Instituto Baleia Jubarte, o veterinário Milton Marcondes.
Apesar da posição conservacionista, o Brasil também teve de dar satisfação sobre a morte de cetáceos, que ocorre dentro das fronteiras do país. Durante as acirradas discussões na Plenária, o país foi questionado sobre a matança de botos, usados como isca na pesca da piracatinga, na Amazônia. “O boto apareceu como o telhado de vidro do Brasil, na questão do santuário”, avalia o diretor de Pesquisa do Instituto Baleia Jubarte, o veterinário Milton Marcondes.
Marcondes participou das discussões do
comitê científico da CIB, onde o assunto havia sido abordado, antes de
aparecer na Plenária. O comitê, que tinha até elogiado as informações
apresentadas pelo Brasil, havia sugerido a realização de um workshop
internacional para discutir o problema e apresentar prioridades para
combater a morte dos botos.
Infelizmente, a posição brasileira ficou ainda mais fragilizada pela ausência de um chefe de delegação, que obrigatoriamente deveria ser representante do governo, durante a reunião do comitê científico.
Infelizmente, a posição brasileira ficou ainda mais fragilizada pela ausência de um chefe de delegação, que obrigatoriamente deveria ser representante do governo, durante a reunião do comitê científico.
Japão, o maior caçador
O Japão, atualmente, é o principal
defensor da caça de baleias, praticada sob o rótulo de “científica”. A
caça dita científica é permitida pela comunidade internacional, mas para
organizações não-governamentais e ambientalistas, trata-se apenas de
uma fachada para o país continuar a caçar os animais.
Para Milton Marcondes, o Japão não é
movido por interesses econômicos, já que a matança dos grandes cetáceos
não é uma atividade importante na geração de riquezas do país. Mesmo
assim, Japão, Rússia e Noruega, também países caçadores, conseguiram
construir uma coalização de países que votam na CIB a favor da matança.
Nesse estranho grupo está até mesmo a Mongólia, que vota na Comissão
apesar de ser um país que sequer tem acesso ao mar.
Marcondes aponta duas razões para os
japoneses continuarem a caça: a relação entre políticos e empresários
que recebem subsídios governamentais para a atividade; e o temor de que a
proibição seja estendida a outras espécies, como o atum. “Para o Japão,
a proibição da caça às baleias poderia ser o precedente perigoso”,
avalia. “O país considera que vale a pena gastar dinheiro para manter a
influência nas discussões internacionais sobre os recursos do mar”,
completa.
Até amanhã, amig@s!
Até amanhã, amig@s!
Fonte: O Eco
Nenhum comentário:
Postar um comentário