O Diário Oficial do Estado de São
Paulo desta quarta-feira, 11 de julho, traz a manchete “mais ciclistas,
mais acidentes”. Dentro da reportagem, um especialista sugere: “para não
colocar a vida de quem pedala em risco, recomendo não usar a bike no
trânsito de São Paulo. É uma opção segura de lazer em cidades menores,
parques públicos e em ciclovias instaladas na capital, aos domingos”.
A reportagem, assinada pela assessoria
de imprensa da secretaria de Saúde, deixa claro o tratamento dispensado à
bicicleta em São Paulo. O governo do estado não a trata como um meio de
transporte, mas como uma brincadeira de fim de semana. Ao invés de
estimular o uso das duas rodas, o governo cria medo justamente em quem
não é responsável pelos acidentes.
Um quadro de recomendações feito pela
CET (Companhia de Engenharia do Tráfego) endossa a reportagem, jogando a
responsabilidade dos acidentes nos ciclistas. “O aumento da velocidade
implica maior risco, portanto não é uma boa prática no trânsito”,
recomenda o órgão responsável pela segurança no trânsito.
O discurso do governo de São Paulo em
dias normais contrasta com o do Diário Oficial de hoje. O governador
Geraldo Alckmin propagandeia que integrou a bicicleta ao metrô, com a
possibilidade de carregá-la dentro dos trens. Mas só é possível fazer
isso em horários restritos do fim de semana. Ou seja, a bicicleta
continua sendo tratada como diversão de crianças que vão ao parque no
final de semana, e não um jeito de chegar ao trabalho.
No município de São Paulo, as atitudes
também são fracas. O prefeito Gilberto Kassab prometeu construir 100
quilômetros de ciclovias na cidade na sua gestão. Há seis meses do fim
do seu mandato, só entregou 18 quilômetros.
Seria ingênuo acreditar que a bicicleta
sozinha solucionaria os problemas do trânsito paulistano e tonaria a
cidade um lugar melhor. A cidade concentra os empregos em regiões
distantes e milhões de pessoas a atravessam todos os dias. Não é
possível pedir que alguém saia de cidades dormitórios na zona leste para
trabalhar no centro de bicicleta, percorrendo mais de 30 quilômetros.
De qualquer forma, o Estado deveria
estimular o uso de um transporte que traz benefícios à cidade. Ao invés
de criar uma cultura do medo e mandar o ciclista ficar em casa, deveria
tornar a vida deles mais fácil.
(Carta Capital/Envolverde)
Fonte: Mercado Ético
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