Se o Brasil recuperasse suas áreas
degradadas – terras abandonadas, em processo de erosão ou mal utilizadas
– não seria preciso derrubar mais nenhum hectare de floresta para a
agropecuária. A avaliação é de técnicos e pesquisadores reunidos hoje
(11), durante o 9º Simpósio Nacional de Recuperação de Áreas Degradadas
(9º Sinrad), que ocorre no Rio até dia 13.
O diretor do Departamento de Florestas
do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Fernando Tatagiba, estimou em até
140 milhões de hectares o total de terras nessa situação no país, área
superior a duas vezes o tamanho da França. O ministério está finalizando
seu novo plano plurianual, que dará grande importância à recuperação da
terra como forma de evitar o empobrecimento das populações e prevenir a
derrubada de mais áreas de florestas.
“Neste plano está estabelecida uma meta
de elaborar, até 2015, um plano nacional de recuperação de áreas
degradadas, que necessariamente deve ser feito com políticas integradas
com outros setores da sociedade. Não existe um número preciso [de terras
degradadas], mas gira em torno de 140 milhões de hectares. É um grande
desafio que temos pela frente, de superar esse passivo, pois essas áreas
geram prejuízos enormes para o país e trazem pobreza para o produtor
rural”, disse Tatagiba.
Segundo o diretor, existem áreas
degradadas em todos os biomas e regiões do país. “Obviamente, onde a
ocupação humana é mais antiga, existem áreas mais extensas, como é o
caso da Mata Atlântica. Mais recentemente, temos o Cerrado. Na Amazônia,
as áreas degradadas estão localizadas em locais de mineração e no
chamado Arco do Desmatamento [faixa de terra de pressão agrícola marcada
por queimadas e derrubadas, ao sul da Amazônia, do Maranhão ao Acre]”,
explicou.
Tatagiba considerou que se as áreas
degradadas forem recuperadas, não seria preciso derrubar mais nenhum
hectare de floresta para agricultura e pecuária, ainda que na prática
nem toda área possa ser totalmente recuperada.
“Para reduzir a pressão sobre florestas,
há necessidade de se recuperar pastagens degradadas, que são em torno
de 15 milhões de hectares. Se você recupera a capacidade produtiva dessa
pastagem, elimina a necessidade de suprimir uma área equivalente em
florestas. Além disso, é preciso aumentar a produtividade da pecuária,
pois não tem cabimento um boi por Maracanã [equivalente a um hectare]”,
comparou Tatagiba.
Para o chefe do Centro Nacional de
Pesquisa de Agrobiologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa Agrobiologia), Eduardo Campello, o Brasil já detém tecnologia
própria para reverter a degradação das terras, por meio de processos de
seleção e manejo e trocando produtos químicos por insumos biológicos.
Com isso, ele considera ser possível reduzir ou até reverter a derrubada
de florestas para a agropecuária.
“Várias dessas áreas podem se tornar
mais rentáveis, tirando a pressão sobre as florestas e os remanescentes
nativos. Já tivemos avanços incontestáveis com o plantio direto [técnica
em que se roça a terra e se semeia em seguida, evitando a erosão]. É
preciso integrar lavoura, pecuária e floresta, usando mecanismos
naturais, como fixação biológica de nitrogênio, evitando o uso de adubo
químico. Já temos áreas abertas suficientes, o que precisamos é
recuperar o solo.”
Até amanhã, amig@s!
Fonte: Agência Brasil
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