Relatório de impacto sobre obra de infraestrutura logística em Ilhéus reforça críticas ao projeto; governo enaltece ganhos socioeconômicos
O Porto Sul, obra de infraestrutura logística a ser construída em Ilhéus, no litoral sul baiano, vai causar uma série de impactos ambientais e socioeconômicos, mesmo depois da mudança do projeto da Ponta do Tulha, área de proteção ambiental, para a Aritaguá. É o que aponta o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do projeto, apresentado ontem pelo governo da Bahia.
O documento, elaborado pelas empresas Hydros Engenharia e Planejamento e Orienta Consultoria, Engenharia e Negócios, a pedido do Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia (Derba), foi concluído seis meses depois de o governo baiano promover a mudança do local do projeto, por pressão de entidades de defesa do meio ambiente.
Vista da serra grande ilhéus. Fonte: Social
Entre os impactos ambientais listados estão 29 negativos ao ambiente físico da região, 36 ao bioma e 19 ao ambiente socioeconômico da área. Entre os impactos negativos que mais chamam a atenção no projeto, que prevê a interligação entre a Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) a rodovias e a um aeroporto internacional, estão a necessidade de reassentamento de comunidades da região (cerca de 4 mil pessoas, a maioria formada por pequenos agricultores), a previsão de morte de peixes e a possibilidade de colisões de navios com mamíferos marinhos, muito frequentes na área, além de alterações na movimentação de leitos de rios e de sedimentos costeiros – o que pode alterar a configuração das praias e manguezais da região.
Entre os impactos socioeconômicos, o relatório cita 12 positivos, como a criação de empregos – 2 mil postos de trabalho diretos, durante a construção da obra, além de cerca de 6 mil indiretos – e a possibilidade de transformar a região em polo logístico nacional, aumentando a arrecadação de impostos do Estado.
“O relatório mostra o que temos dito, que o projeto tem muito mais impactos negativos do que positivos, e impressiona a desproporção entre os dois lados”, diz o presidente ONG Floresta Viva, Rui Barbosa Rocha.
Para o governo, porém, a maioria dos impactos negativos pode ser atenuada por meio de ações compensatórias, e os custos ambientais e sociais do projeto, orçado em R$ 2,4 bilhões, são justificados pelos benefícios. A administração pública espera dar início às obras em 2012. Nos dias 27 e 28, entidades contrárias à construção do terminal preparam uma série de ações, com a participação de integrantes de comunidades diretamente atingidas pelo projeto.
Fonte: Tiago Décimo O Estado de São Paulo
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