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sábado, 29 de outubro de 2011

"O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão".

A frase acima, dita no fim do século XIX no sertão baiano, por Antônio Conselheiro, não deve demorar muito a tornar-se realidade.


A Revista Ilustrada, de Angelo Agostini, veículo de propaganda republicana durante o Império, retratava Conselheiro de forma caricatural, com séqüito de bufões armados com velhos bacamartes, tentando "barrar" a República.
Exemplo de como a imprensa da época reagiu ao messianismo. Fonte: Wikipédia.

Segundo pesquisa divulgada pelo jornal Estado de São Paulo, especialistas dizem que se o consumo e a ocupação das dunas continuar crescendo no mesmo ritmo dos últimos anos, a escassez total de água e comida acontecerá no litoral nordestino em cerca de dez anos.
As dunas funcionam como um filtro, protegem o aquífero das impurezas. Mas elas são sensíveis e todos as ocupam, do turismo à indústria de energia eólica, como explicou Luis Parente Maia, diretor do Instituto de Ciências do Mar, da Universidade Federal do Ceará.
As partes mais sensíveis são as arenosas, porque contém menos argila na sua composição. Mas na região de Fortaleza já existem níveis bastante preocupantes de coliformes fecais, o que ameaça todas as formas de vida locais.

Dunas de Fortaleza. Fonte: blog Anarcofagia.

O excesso de residências e balneários construídos à beira-mar é alarmante. Na maioria dessas regiões tão importantes à manutenção do equilíbrio natural costeiro não há coleta de lixo, e os resíduos do consumo humano são enterrados na areia, o que contamina o solo e, consequentemente, a água.
"Só temos água boa onde há duna, pois aqui, nessa região, não temos bacia sedimentar. O fundo é granito e lá já há água salgada por natureza. Mas há um problema adicional: a superexploração da água. Todo mundo bombeia sem nenhum controle. O espaço antes ocupado pela água doce, que foi retirada, acaba invadido pelas águas salgadas do mar", explica Maia.
E parece que a tendência é piorar. O complexo industrial e portuário de Pecém já está em fase de ampliação, e o que costuma ser um problema sazonal será um transtorno constante. As cidades de Pacheco, Cumbuco e Icaraí já têm seus ecossistemas seriamente comprometidos.

Estudo recente diz que 60% das praias de Fortaleza estão poluídas. Foto: Daniel Aderaldo/iG

Outro problema é o excesso de poços cavados sem preparo algum, onde a água é puxada com baldes de manteiga enferrujados, contaminando toda a água de uma região que se estende de Belém (PA) até Fortaleza (CE).
E o que o governo tem feito a respeito? Nada. Pelo contrário, concede licenças ambientais para que uns poucos lucrem com a total devastação dos recursos naturais, bem público de uma região inteira do nosso país.
Preste muita atenção em quem vai votar. Cobre, mesmo se você não é nordestino. Como cidadãos brasileiros, temos o direito de viajar pelo nosso país e usufruir de toda a beleza natural que nosso país sempre teve.
A população local vai sofrer muito em pouquíssimo tempo, já que boa parte da economia local gira em torno do turismo e da pesca.
E o Cid Gomes, governador do estado do Ceará, disse semana passada que professor tem que dar aula por paixão, não por salário. O senhor e todos os demais gestores deste estado deveriam ter pago umas aulinhas extras de educação ambiental, assim talvez soubessem o que fazer com este ecossistema riquíssimo que têm nas mãos.

Até amanhã, amig@s!

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