Sinto na pele o quanto a
insustentabilidade pulsa em cada canto dos eventos da Rio+20. Dos
geradores de energia a diesel – só o Greenpeace está produzindo sua
energia – até os milhares de copinhos de isopor. Sinto-me parte desse
mosaico fragmentado. Um caquinho jogado em meio a tantos tipos de
resíduos diferentes, talvez como um grão de areia de uma obra do Vik
Muniz, pois no geral, de longe, tudo é espetáculo.
Por cima passam helicópteros com os
privilegiados que podem fugir do caos do trânsito. Na baía de Guanabara,
grandes navios levam contêineres de exportações. Nas estreitas ruas,
batedores produtores de silvos estridentes abrem caminho para as
autoridades em carros blindados que “não podem” ficar trancados em
engarrafamentos. No Rio está escancarada a falta de coesão da sociedade e
dos governos. Tantos interesses e visões de mundo, onde salvar o
planeta é apenas um pretexto.
Se em 92 a Cúpula dos Povos era o espaço
da sociedade civil do mundo, nesta edição, o evento reúne
principalmente entidades brasileiras, sedentas por recursos de
instituições que podem financiar seus projetos. No Rio Centro, estão os
demais estrangeiros. Enfim, para os cariocas, o Aterro do Flamengo é
lugar de índio. Reclamam que o trânsito piorou com tanta programação e
passeatas. Aliás, surgem vários protestos, com objetivos distintos. Cada
movimento chama atenção para suas causas.
Ouvi da boca de uma fonte de alta
credibilidade que para a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), expressivos representantes
do movimento social, não criticam as posições do governo quanto ao rumo
da política ambiental. Os movimentos da sociedade, incluindo os
ambientalistas, disputam holofotes, enquanto as empresas se unem para
mostrar como tem se preocupado com o ambiente.
Creio que o melhor para o planeta, para o
ambiente do Rio ou de qualquer outra cidade, é não ter mais mega
eventos desse tipo. Porém é importante para a humanidade, para os seres
que erram e acertam. Principalmente para se conquistar mais espaço na
mídia e até para se ter acesso a projetos incríveis, como o idealizado
pela Bia Lessa e equipe.
Boa parte dos integrantes da sociedade
civil que tem propriedade para debater e conduzir algo produtivo está
envolvida com a produção. Recepcionam estrangeiros, estão ocupadíssimos
na distribuição de colchonetes na hospedagem de ongueiros e índios no
Sambódromo. A coordenadora da Rede de ONGs da Mata Atlântica, Ivy Wiens,
me falou ontem (19) que ainda não conseguiu acompanhar qualquer
programação.
Enfim, passaram-se 40 anos desde
Estocolmo, 10 anos da morte de José Lutzenberger – o ministro do Meio
Ambiente do governo Collor que teve uma forte influência para a
realização da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento no
Brasil -, e ainda engatinhamos no básico da eterna busca pelo
equilíbrio: dialogar e entrar em comum acordo nem que seja entre os
ditos verdes. Será que o ser humano tem jeito?
Até o momento, uma das coisas mais
legais que me deparei até o momento foram as oficinas do Fórum de
Empreendedorismo Social. Lá tive contato com pessoas que estão fazendo a
diferença e são felizes, superando inúmeras dificuldades. Vou ter que
escrever um post contando só como foi essa experiência maravilhosa. Por
agora, fico por aqui, pois preciso me preparar para a grande marcha que
deverá reunir todas as tribos no Centro do Rio.
Até amanhã,amig@s!
Fonte: Silvia Marcuzzo/Mercado Ético
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