Com cartazes e lenços nas mãos, dezenas de mulheres protestaram na tarde
desta terça-feira (19) no Riocentro contra o texto final da Rio+20
aprovado minutos antes pelas delegações.
A principal crítica do grupo de contato
das mulheres é a retirada da expressão “direitos reprodutivos”, que
designa a autonomia da mulher para decidir quando ter filhos, do
documento. O texto finalizado pelo Brasil na madrugada de hoje fala
apenas em “saúde reprodutiva”, que contempla apenas o direito de acesso a
métodos de planejamento familiar.
A manifestação começou silenciosa e as
primeiras mulheres que ousaram gritar palavras de ordem, foram
silenciadas por um segurança. Elas então começaram a movimentar lenços
no ar, em sinal de protesto. Mas não demorou muito para que o grupo
aumentasse e percebesse que poderia fazer barulho ali, entre os
principais pavilhões do Riocentro, sem ser reprimido novamente.
“Agora não é hora de ficar em silêncio.
Ainda temos tempo de mudar isso”, disse a mexicana Lydia Durán,
diretora-executiva da Associação para os Direitos das Mulheres em
Desenvolvimento. “O documento é muito fraco não responde às necessidades
da população e do planeta”, completou.
O Brasil cedeu à pressão do Vaticano,
que teve o apoio de Chile, Honduras, Nicarágua, Egito, República
Dominicana, Rússia e Costa Rica.
“É muito decepcionante o texto. O texto
fala sobre ganância das grandes corporações e não sobre economia verde”,
criticou a canadense Tereza Turner da ONG Friends of the Earth.
A indiana Ananya Dagupta, contudo, ainda
tem esperança que haja mudanças no documento até o fim da cúpula. “É
por isso que estamos aqui, para que ouçam nossa voz e mudem novamente o
documento”, disse.
Fonte: Folha.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário