Pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) descreveram uma nova espécie de borboleta, encontrada na região denominada Campos em Cima da Serra, na Mata Atlântica gaúcha.
Chamada de Prenda clarissa – o gênero é uma homenagem à mulher gaúcha (chamada de prenda) e o nome da espécie remete ao livro do escritor sulista Érico Veríssimo — o exemplar foi encontrado durante expedição feita à Floresta Nacional de São Francisco de Paula, em 2009.
Descrita recentemente na revista científica “Neotropical Entomology” pela equipe de biólogos do laboratório de ecologia e sistemática de borboletas da Unicamp, a borboleta de cor marrom foi identificada como nova a partir de uma observação detalhada de especialistas.
“Reparei que ela tinha um jeito diferente. O padrão de ocelos (chamados de falsos olhos e que ficam na parte inferior das asas das borboletas) era diferente. É provável que esta espécie seja endêmica da região, porém, temos que pesquisar mais detalhes”, disse Cristiano Agra, doutor em Biologia Animal e um dos responsáveis pela descoberta.
Nova espécie de borboleta foi batizada de Prenda clarissa (Foto: Divulgação/André Freitas)
PreservaçãoDe acordo com André Freitas coordenador do laboratório paulista que estuda as borboletas – que tem seis anos de funcionamento – ao menos uma espécie nova deste inseto é descrita por ano pelos integrantes da equipe. O Brasil tem hoje 3.500 borboletas registradas.
O número de publicações sobre novas espécies só não é maior devido à carga de trabalho. “Já descobrimos ao menos 20, que ainda não foram descritas. Na semana passada mesmo, retornamos de uma viagem feita à Serra do Caparaó (entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo) onde encontramos mais uma espécie”, disse.
Entretanto, novos registros trazem também preocupação com a extinção de populações, já que muitas são encontradas em áreas onde a vegetação nativa está em degradação.
Freitas disse que grande parte das pesquisas foram realizadas na Mata Atlântica, considerado um dos biomas mais ameaçados no Brasil.
Segundo dados divulgados na última semana pelo Ministério do Meio Ambiente, o bioma, que abrange 15 estados brasileiros perdeu entre 2008 e 2009 cerca de 248 km² de sua cobertura vegetal – número considerado pelo governo abaixo da média, o que representaria uma desaceleração no desmate.
Entretanto, ainda há preocupação já que restam apenas 22,23% de sua vegetação original, que era equivalente a 1,1 milhão de km². O estado de Minas Gerais foi o principal responsável pelo desmate (115,8 km²), seguido da Bahia (65,8 km²) e Santa Catarina (17,6 km²).
“Na Serra do Cipó (MG) – que tem trechos de Mata Atlântica – descobrimos a espécie Yphthimoides cipoensis já sabendo que sua população estava ameaçada, baseado em regras internacionais estipulas pela IUCN [União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, na tradução para o português]. Esta espécie só existe naquela região, bastante impactada pelo homem”, disse.
Cadeia alimentar
As borboletas, segundo o especialista, são essenciais na cadeia alimentar principalmente no estágio de lagartas, pois alimentam outras espécies de insetos, além de aves e pequenos mamíferos. Porém, o desmatamento pode prejudicar o desenvolvimento das populações.
As borboletas, segundo o especialista, são essenciais na cadeia alimentar principalmente no estágio de lagartas, pois alimentam outras espécies de insetos, além de aves e pequenos mamíferos. Porém, o desmatamento pode prejudicar o desenvolvimento das populações.
“Existem regiões críticas onde isto já ocorre, como na área de Mata Atlântica no Nordeste do país e na região de cerrado. Outra área grave é a transição entre o cerrado e a floresta amazônica, no Pará e Maranhão. Muitas espécies endêmicas estão em extinção nestas áreas”, comenta Freitas.
Ele cita ainda que para frear a redução de populações de borboletas o governo reuniu informações e criou o Plano Nacional de Proteção a espécies ameaçadas, idealizado pelo Instituto de Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Segundo Freitas, será uma forma de proteger também outros animais com risco de desaparecer na natureza.
Até amanhã, amig@s!
Fonte: G1
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