As mudanças climáticas afetam virtualmente todos os sistemas naturais necessários para a sobrevivência humana. Possui implicações no fornecimento de água, alimentos, produção, saúde e segurança. Os impactos climáticos irão variar de região para região, portanto o planejamento para a adaptação deve ser realizado em um contexto específico, geralmente local.
A escala de impactos potenciais é vasta, e nações já estão pressionadas para encontrar os recursos que precisam para se preparar. Sem o apoio adequado em um nível nacional, as comunidades devem se preparar de forma independente – faz pouco sentido esperar por instruções.
O custo-benefício de ações de adaptação melhora muito quando as comunidades possuem acesso a tecnologias e informações necessárias para o planejamento participativo, como o mapeamento. Um investimento modesto seria o suficiente para fortalecer a resiliência e diminuir a vulnerabilidade climática das comunidades ou estender o alcance de planos nacionais.
Inovação de Base
Mapas podem ser utilizados para organizar e agrupar informações complexas de maneira a apoiar os estudos de vulnerabilidade em áreas ameaçadas pelas mudanças climáticas.
Muitas entidades podem apoiar o mapeamento comunitário, fornecendo desde papel para mapas a balões e pipas equipados com câmeras digitas, além de softwares e tecnologias de GPS.
O foco deve ser em inovações de base, fornecendo às comunidades e autoridades locais as mais recentes informações e novas perspectivas de planejamento.
O PPgis.net, por exemplo, é um fórum aberto para o intercâmbio de sistemas de informação geográfica (GIS) e tecnologias. O Public Laboratory for Open Technology and Science, e seu grupo irmão, o Grassroots Mapping, também estão ajudando a construir a base do movimento de software livre.
O Grassroots Mapping foi criado em resposta ao vazamento de petróleo da Deepwater Horizon no Golfo do México, quando providenciou informações mais detalhadas dos impactos ambientais do que as fornecidas pelo governo e pela indústria. Desde então, a entidade cresceu para uma rede internacional de mapeamento aéreo.
Ferramentas de Mapeamento
Os softwares gratuitos de GIS são ferramentas preciosas porque estão disponíveis de uma maneira acessível para as comunidades. Um esforço para treinar mais pessoas a usá-los pode ajudar a ultrapassar um obstáculo potencial para o mapeamento participativo: os altos custos de licenças comerciais dos produtos de GIS, o que os coloca fora do alcance da maioria das comunidades.
O Data Basin, por exemplo, é um serviço gratuito online que permite que cientistas, planejadores e interessados colaborem, explorem e troquem informações e mapas.
O TerraLook,uma ferramenta desenvolvida pela NASA e pela US Geological Survey, fornece imagens remotas e opções de manipulação e visualização dessas informações.
Utilizando essas ferramentas, comunidades podem mapear seus recursos e compará-los com os modelos climáticos existentes para desenvolver cenários, medir riscos e criar suas próprias estratégias de adaptação.
Uma comunidade agrícola pode, por exemplo, saber como secas e enchentes afetarão suas terras e populações costeiras podem analisar a subida do nível do mar e a ação de tempestades.
Redes Regionais
Para se beneficiarem desses recursos, comunidades devem se organizar através de redes regionais que complementem o planejamento nacional. Sistemas locais e centralizados podem se unir para fortalecer suas ações.
Governos e organizações internacionais devem providenciar o apoio para atividades destinadas a aumentar a capacidade da adaptação planejada, como o treino no uso de ferramentas gratuitas de mapeamento.
Eles podem, por exemplo, tornar os dados climáticos e geográficos disponíveis para o mapeamento de base. Os satélites governamentais deveriam distribuir suas observações em um formato acessível de baixo ou até de nenhum custo para as pessoas, como já ocorre com o TerraLook.
O apoio financeiro e técnico para essas iniciativas nos países em desenvolvimento deveria ser fornecido pelos fundos de adaptação que foram estabelecidos nos últimos anos por instituições financeiras multilaterais e doadores.
Organizações regionais também podem assumir um papel. O Programa Ambiental do Pacífico (SPREP), o Programa de Mares Regionais do PNUMA, a COMIFAC na bacia do Congo e a Iniciativa da Bacia do Nilo já oferecem a ajuda necessária para o uso de ferramentas de mapeamento participativo.
Centros regionais de excelência são outras entidades que podem ajudar na disseminação dessas ferramentas, oferecendo o treinamento e a assistência técnica. Além disso, podem desenvolver projetos pilotos para demonstrar como elas podem ser utilizadas para o planejamento.
Conhecimento local
Identificar as prioridades para a adaptação a nível local melhora as chances das comunidades serem resistentes às mudanças climáticas e recebem o apoio devido. Planos participativos são a maneira mais fácil das pessoas se adaptarem às mudanças de condições de vida.
Os governos também se beneficiarão com o maior uso da informação local, porque ela costuma ser bem mais detalhada do que os dados oficiais. Ela também providencia o tão desejado acesso ao conhecimento da comunidade sobre sua localidade e o uso de recursos naturais.
Além disso, permitir que as comunidades meçam sua própria vulnerabilidade liberta o governo para fazer outras ações.
Alguns aspectos da adaptação, como a adaptação em escala ecossistêmica, estão fora da competência das comunidades. Assim, a iniciativa de preparar as pessoas para utilizarem ferramentas de mapeamento não é um substituto para ações nacionais mais técnicas. Mas podem ser um forte complemento delas.
*John Waugh é conselheiro independente para estratégias de conservação. Seu trabalho mais recente foi realizado na África e em países insulares no pacífico ajudando as comunidades a participarem do planejamento de ações de adaptação.
Até amanhã, amig@s!
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