Após as negociações de dezembro sobre mudança climática em Durban, na África do Sul, há espaço para seguir avançando no curto e médio prazos. Agora, a atenção da América Latina e do mundo está voltada para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho, no Rio de Janeiro. Em Durban os delegados de 194 países assentaram as bases para desenvolver um compromisso global para 2015, com validade jurídica em 2020.
Após as negociações de dezembro sobre mudança climática em Durban, na África do Sul, há espaço para seguir avançando no curto e médio prazos. Agora, a atenção da América Latina e do mundo está voltada para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho, no Rio de Janeiro. Em Durban os delegados de 194 países assentaram as bases para desenvolver um compromisso global para 2015, com validade jurídica em 2020.
Durban também deu origem a acordos substanciais em outras duas áreas críticas para o progresso na luta contra a mudança climática: um novo período de compromisso de execução do Protocolo de Kyoto e passos específicos para a formação do Fundo Verde do Clima. Naquela ocasião houve maior atenção para as medidas combinadas de mitigação e adaptação à mudança climática na agricultura, bem como progresso nas discussões técnicas sobre programas de proteção de florestas no contexto do clima.
A comunidade internacional também reconheceu na África do Sul a urgente necessidade de fazer mais para reduzir as emissões de gases-estufa, manter o aumento da temperatura média abaixo dos dois graus e ajudar os países em desenvolvimento a adaptarem-se aos efeitos inevitáveis da mudança climática.
Em junho, no Rio de Janeiro, será analisada a proteção do meio ambiente como parte do processo de desenvolvimento. Esta cúpula acontecerá duas décadas depois que, em uma reunião semelhante, os países se comprometeram com o conceito de desenvolvimento sustentável como a única maneira para construir uma humanidade mais justa e viável. Isto inclui as dimensões relacionadas com saúde, moradia, contaminação do ar, gestão dos mares, florestas e montanhas, desertificação, gestão dos recursos hídricos e saneamento, e a gestão de resíduos.
O mundo aproxima-se de maneira perigosa do limite do uso de recursos naturais de maneira sustentável e podemos chegar a um ponto a partir do qual não haja retorno. Estes temas têm impacto na qualidade de vida e na luta que ainda se deve travar contra a pobreza e a desigualdade, sobretudo na América Latina e no Caribe. Apesar de a América Latina produzir energia de maneira relativamente limpa na maioria de seus países, e proporcionalmente contribuir substancialmente menos do que outras regiões para a mudança climática, é uma das zonas mais afetadas por suas consequências.
Nesse sentido, vários países da região demonstraram, com o exemplo próprio, grande liderança para ser parte da solução global que deve levar o mundo para um caminho de desenvolvimento com baixa emissão de carbono. O Brasil já se comprometeu por si só com alguns ambiciosos objetivos voluntários para reduzir suas emissões em 39% até 2020. Outros países latino-americanos também assumiram promessas voluntárias, entre eles, Chile, Colômbia, Costa Rica e México.
Em nível mundial, 90 países registraram seus planos de mitigação até 2020 com a Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, 78 dos quais em vias de desenvolvimento. Segundo o estudo do Banco Mundial “Desenvolvimento com menos carbono: respostas latino-americanas ao desafio da mudança climática”, a América Latina produz apenas 6% das emissões mundiais de gases-estufa no setor energético, e 13% se forem considerados o desmatamento e a agricultura.
Entretanto, se prevê que esta situação mude nos próximos 25 anos na medida em que se expandam os setores de transporte e indústria. Por exemplo, mantidas as tendências atuais, projeta-se que as emissões de dióxido de carbono (CO²), derivadas do consumo de energia, aumentarão na região, até 2030, em 33% por pessoa, superior à média mundial de 24%. Estas tendências representam um desafio para a América Latina, em sua busca por um desenvolvimento sustentável de crescimento mais verde e equitativo.
Muitas das medidas que podem ser consideradas no caminho para o crescimento econômico verde têm importantes benefícios ambientais e sociais locais. Maior eficiência energética frequentemente economiza dinheiro; menor desmatamento e melhor manejo dos recursos florestais têm benefícios sociais e ambientais; melhor transporte público pode reduzir o congestionamento e a contaminação local, e ter um efeito benéfico para a saúde, a produtividade e a qualidade de vida.
A próxima década trará grandes oportunidades para a sinergia entre sustentabilidade ambiental e econômica. Por exemplo, os países em desenvolvimento podem adotar uma atitude “verde” em seus novos investimentos em infraestrutura e, ainda, podem desenvolver a agricultura e outros recursos naturais para melhorar os meios de subsistência, gerar empregos e reduzir a pobreza.
O acordo de Durban representa um passo adiante, mas estão previstas duras negociações nos próximos anos para alcançar um acordo global. Contudo, deve-se avançar na execução de programas com benefícios locais e globais, projetos que demonstrem a melhor maneira de se adaptar às mudanças climáticas do futuro e aos desastres climáticos de hoje, e nas inovações tanto tecnológicas quanto institucionais que permitem um crescimento verde e inclusivo.
* Ede Ijjasz-Vásquez é diretor de desenvolvimento sustentável para América Latina e Caribe do Banco Mundial.
Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
Fonte: Envolverde
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