Você já viu um rinoceronte-negro-ocidental em vida livre? Se não, perdeu a chance. O bicho, chamado pelos cientistas de Diceros bicornis longipes, foi declarado oficialmente extinto na mais recente atualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês). A nova lista aponta que 25% dos mamíferos de todo o mundo correm o mesmo risco do rinoceronte citado, ou seja, estão em perigo de extinção.
Com mais de 61 mil espécies, esta atualização trás boas e más notícias sobre o estado de muitas espécies de todo o mundo, segundo Jane Smart, diretora do Programa Mundial de Espécies da IUCN. “Sabemos com plena certeza que a conservação funciona quando bem implementada. Mas sem forte vontade política somada a esforços e recursos específicos, as maravilhas da natureza e os serviços que elas oferecem podem ser perdidas para sempre”, afirma.
E tem mais notícia ruim sobre os rinocerontes. O Ceratotherium simum cottoni, vulgo rinoceronte-branco-do-norte, já está à beira da extinção e é bem provável que breve não possa mais ser admirado livre. Mesmo por quem se aventure pela África Central, onde ele existia. Agora é peça de zoológico, classificado como Provavelmente Extinto na Natureza. Para a IUCN, a combinação de falta de vontade política em favor da conservação dos habitats, grupos criminosos internacionais e o aumento da caça para retirada dos chifres ameaçam outras espécies de rinocerontes, como o rinoceronte-de-java (Rhinoceros sondaicus). Ainda que uma pequena população deste animal ainda sobreviva em Java, ele também caminha para a extinção. No Vietnã, acredita-se que o último espécime tenha sido morto por caçadores em 2010.
“Tanto em caso do rinoceronte-negro-ocidental como do rinoceronte-branco-do-norte, a situação poderia ter sido bem diferente se houvessem sido aplicadas as medidas de conservação sugeridas”, lamenta Simon Stuart, presidente da Comissão de Sobrevivência das Espécies da IUCN. “Estas medidas devem ser reforçadas agora, especialmente no que toca a gestão dos habitats, a fim de melhorar o rendimento produtivo e evitar a extinção de outros rinocerontes, como é o caso do rinoceronte-de-java”.
Para não ficar só nas más notícias, a IUCN destaca que há casas em que os esforços para a conservação estão dando certo. A população da subespécie do rinoceronte-branco (Ceratotherium simum simum), que chegou a menos de 100 indivíduos no final do século XIX, hoje está estimada em mais 20 mil animais.
Cavalo de Przewalski, selvagem europeu na lista vermelha. Fonte: UOL Notícias.
E para não escrever só sobre rinocerontes, há boas notícias também para o cavalo de Przewalski (Equus ferus), que chegou a ser classificado como extinto em estado silvestre em 1996. A espécie ainda não está salva, mas a classificação melhorou, passando de Em Perigo Crítico para Em Perigo. Um bem-sucedido programa está recuperando a população selvagem, que já ultrapassou 300 animais.
A IUCN divulgou também fotografias e um vídeo (veja ao fim do texto). Eis, onde aparecem algumas destas espécies. É importante assisti-lo, porque talvez seja o único meio restante de vê-las. Pelo menos, ficou algum registro da sua passagem pela Terra.
Eis outros destaques da Lista Vermelha da IUCN:
ConíferasA lista revela tendências preocupantes entre as coníferas. Os cipreste-dos-pântanos-chinês (Glyptostrobus pensilis), antes encontrado por toda a China e Vietnã, agora passou da classificação Em Perigo para Em Perigro Crítico. A razão desse declínio é a expansão da agricultura. Até mesmo plantas de uso medicinal, como a Taxus contorta – usada para produzir uma droga quimioterápica, o Taxol – passou de Vulnerável para Em Perigo, devido à exploração excessiva e uso como lenha e forragem.
Thunnus thynnus
Cinco das oito espécies de atum estão em alguma categoria de espécie ameaçada ou quase ameaçada na Lista Vermelha. O Atum-rabilho (T. thynnus) está classificado como espécie em Perigo Crítico. A atualização da lista poderá ajudar os governos a tomar decisões que salvaguardem o futuro das espécies de atum, entre elas, as que possuem alto valor econômico.
Lodoicea maldivica
A maioria das plantas com flores endêmicas das Ilhas Seicheles, no Oceano Índico, está ameaçada. Setenta e sete por cento das 79 espécies conhecidas estão ameaçadas, segundo a IUCN. Entre elas, está um conhecido afrodisíaco, o coco-do-mar (Lodoicea maldivica), que passou de Vulnerável para Em Perigo. Apesar do controle sobre a coleta e venda de sementes, as maiores do mundo, há razões, segundo a IUCN, para acreditar que existe um importante mercado negro para elas.
Manta alfredi e Manta birostris
Até mesmo espécies descobertas recentemente já estão na lista das ameaçadas. É o caso das jamantas. Há até pouco tempo só se conhecia uma espécia de manta-raia, agora se sabe que existem pelo menos duas: a manta-raia-dos-arrecifes (Manta alfredi) e a manta-gigante (Manta birostris), ambas consideradas vulneráveis. A M. Birostris pode chegar um diâmetro de mais de sete metros e é a maior entre as espécies de jamantas. Para a IUCN é fundamental supervisionar e regulamentar a exploração e o comércio destas espécies, capturadas principalmente devido ao uso na medicina tradicional de suas brânquias, assim como a proteção dos seus habitats mais importantes.
Paraedura masobe
A lista indica também que 40% dos répteis terrestres de Madagascar estão em perigo. As 22 espécies da ilha identificadas como em Perigo Crítico, entre elas camaleões, lagartixas e serpentes, são consideradas um desafio para a conservação. Um alento é a criação de novas áreas protegidas em Madagascar, que ajudam a conservar espécies em Perigo Crítico, como o camaleão-tarzan (Calumma tarzan) e o camaleão-de-nariz-bizarro (Calumma hafahafa) e a lagartixa Paracontias fasika. A Paraedura masobe está classificada com Em Perigo.
Ranitomeya benedicta e Ranitoneya summersi
Anfíbios são considerados como indicadores da saúde do meio ambiente em que vivem e fontes potenciais para novos medicamentos. Como esse é um dos grupos mais ameaçados, os anfíbios são vigiados de perto pela IUCN. Vinte e seis anfíbios descobertos recentemente já estão na lista vermelha, como a rãs venenosas Ranitomeya benedicta (Vulnerável) eRanitoneya summersi (Em Perigo), ameaçadas pela perda de habitat e comércio internacional de mascotes.
Vídeo da IUCN, disponível também no Youtube.
Fonte: site O Eco.
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