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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Especialistas temem impactos climáticos nos aquíferos.

Quando se trata de mudanças climáticas, sabemos que uma das consequências do fenômeno é a alteração da precipitação de chuvas e o aumento ou diminuição do fluxo dos rios. Mas quase nunca paramos para pensar que os aquíferos subterrâneos, algumas das principais fontes de abastecimento hídrico, também poderão ser fortemente impactados pelas mudanças climáticas.
Por isso, durante o I Congresso Internacional “O futuro da água no Mercosul”, que aconteceu no início de novembro em Florianópolis, especialistas em recursos hídricos se reuniram para debater os efeitos das mudanças climáticas nos mananciais de água da América do Sul, sobretudo nos aquíferos subterrâneos.


Mananciais de água doce da America do Sul. Fonte: Falcon Online.

Segundo o geólogo Ricardo Hirata, professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) e um dos palestrantes, atualmente dois bilhões de pessoas no mundo dependem de águas subterrâneas, das quais os aquíferos são a principal fonte.
E caso os efeitos das mudanças climáticas atinjam estes aquíferos, até o final do século entre 60 e 150 milhões de pessoas serão afetadas diretamente pela falta de recursos hídricos subterrâneos, explicou Luis Filipe Tavares Ribeiro, professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa, que também foi palestrante no encontro.
Na América do Sul, as consequências das mudanças climáticas já estão sendo sentidas na prática. Para se ter uma ideia, o Peru, em oito anos, perdeu 21% das suas reservas de gelo dos Andes, que abastecem boa parte dos rios e lagos do país.

As enormes reservas de água doce congeladas dos Andes diminuem. Fonte: MegaArquivo.


No Brasil, as enchentes e cheias cada vez mais severas mostram que nosso país também não está imune ao fenômeno. Aqui, o índice de pessoas que dependem de águas subterrâneas no país fica entre 40% e 60%, sendo que destas, 13% dependem parcialmente destes aquíferos e 39% dependem totalmente destes recursos.
Entre os impactos diretos e indiretos das mudanças climáticas nos aquíferos estão o aumento da demanda – pois haverá redução da oferta de águas superficiais; a contaminação dos mananciais – pois haverá menos água para diluir a poluição; a sobre-exploração; a invasão de águas salgadas em reservas hídricas doces; a redução da recarga dos aquíferos por causa da diminuição de chuvas etc.
No país, os maiores impactos das mudanças climáticas serão nas águas subterrâneas da Amazônia e do Nordeste, justamente as que são as mais afetadas atualmente. Nestas regiões, estima-se que a reserva hídrica dos aquíferos diminua 30% no Norte e 70% no Nordeste.

A charmosa região em torno de Bariloche nos Andes. Fonte: Mapa-Mundi.

 Já no Sul, calcula-se que a precipitação de chuvas irá aumentar, mas paradoxalmente, este aumento poderá levar à falta de água potável, pois a capacidade dos rios poderá ser excedida, levando ao transbordamento dos leitos e a enchentes.
E mesmo com o aumento da recarga dos aquíferos, a demanda pelas águas subterrâneas crescerá pois as águas superficiais estarão cada vez menos disponíveis, o que fará com que o índice de recarga dos mananciais subterrâneos se torne menor do que o nível de demanda, como já ocorre atualmente em aquíferos como o Guarani.
Mas os palestrantes acreditam que há medidas que podem ser tomadas para evitar os efeitos das mudanças climáticas. Entre essas iniciativas, estão a redução da pressão hídrica, o aumento no uso eficiente da água, a mudança de práticas agrícolas, a promoção da reutilização da água, a melhoria da gestão de bacias hidrográficas, o equilíbrio entre o uso de águas superficiais e subterrâneas, a recarga artificial de aquíferos, planos para poupar água, a diversificação da matriz hídrica, a redução do risco de desastres naturais etc.
Por fim, os especialistas afirmaram que a proteção dos aquíferos brasileiros é de suma importância, pois os sistemas de águas subterrâneas no Brasil são estratégicos para o desenvolvimento do país, e que devemos nos basear na combinação de práticas antigas e novas tecnologias. “Devemos aprender com nossos antepassados, que já tinham, por exemplo, cisternas de captação de água da chuva”, concluiu Tavares Ribeiro.


Até amanhã, amig@s!


Fonte: Instituto Carbono brasil.




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