Terra. Fonte de vida, desde tempos priscos. Por mais industrializada que a nossa alimentação esteja, é ela que nos sustenta até os dias de hoje.
Mas é esta mesma terra que mata, através da cobiça de quem tem poder e dinheiro sobrando neste país. Com o respaldo dos poderes Legislativo (que cria leis favorecendo apenas aos poderosos) e Judiciário (sempre os deixando impunes), os "coronéis" ainda mandam e desmandam em terras tupiniquins.
São praticamente "deuses": têm poder sobre a vida e a morte de todos os pobres lavradores que ousam reclamar o que é seu por direito.
Como já comentei em posts anteriores, são estes homens os mesmos que roubam terras de indígenas e áreas de preservação permanente (APPs), além de tomar também o sustento destes que precisam suar, e muito, para ter o que comer.
Historicamente, os estados das regiões Norte e Centro-Oeste são marcados como zonas de conflito agrário. Os donos do poder usam de todos os artifícios livremente: grilagem - queimam as casas dos pequenos agricultores com os documentos e "criam" novos, passando grilos mortos nos papéis para amarela-los e dar-lhes um aspecto envelhecido; ameaças e até contratam "pistoleiros" que matam estes dependentes diretos da agricultura de subsistência por qualquer R$ 500,00.
Os últimos casos que chocaram o país foram as mortes dos extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, que já vinham sofrendo ameaças há muito tempo. Pediram proteção ao governo federal e, para variar, a ajuda não chegou.
Casal de extrativistas assassinados. Fonte: blog APIME.
Foram assassinados brutalmente e apesar do parecer favorável do Ministério Público e requerimento da prisão preventiva do mandante, um dono de terras no assentamento em Nova Ipixuna e dos pistoleiros, que tinham dívidas com o mandante, o juiz Murilo Lemos Leão da 4ª Vara Criminal de Marabá (PA) recusou o pedido de prisão preventiva contra os três.
A família e a Pastoral da Terra pedem o afastamento deste juiz do caso, mas agora é tarde. O mandante está foragido, como o magistrado parece desejar.
Depois deste crime bárbaro, mais dois agricultores foram mortos na mesma região. Há uma lista de 300 pessoas sob ameaça em regiões de conflito, e o governo nada vê, nada faz.
Essas pessoas precisam de proteção permanente, garantias de que a lei será cumprida.
E é nosso dever enquanto cidadãos, pais, filhos e seres humanos cobrar proteção aos filhos da floresta, que não têm ninguém por eles.
Vamos dar as mãos a eles nesta luta?
2 comentários:
Cristina,ainda impera nessa nossa Terra Brasilis, a mentalidade coronelista, pois os militares assim formaram a mentalidade do povo e nosso atual governo "democrático", não é capaz de formar uma nova mentalidade. Uma mentalidade de acordo com o que dispõe a nossa Constituição no art.225, de que a terra é um bem ambiental e patrimônio de todos e aqueles que lutam para mudar uma mentalidade arcaica, coronelista, acabam vitimas daqueles que ainda não compreenderam a função social da terra. Eu que o diga a você, pois faz tempos que estou tentando COMPRAR uma área degradada e recueperá-la, para criar uma extensão de pesquisa, mas esbarro na mentalidade arcaica dos "donos de terra", que apenas degrada, polui, extrai todos os recursos da natureza e deixa lá ao bel lazer de predadores. Como se não bastasse ainda polui a água dos pequenos agricultores que dela fazem uso. Mas gaia já esta dando o retorno, digamos que seja a lei do retorno.
Grande abraço e parabéns pela postagem.
Disse tudo, Tânia. Infelizmente, Código Civil só existe para os podero$o$. Já o Código Penal é restrito aos pobres...
Não podemos aceitar esses desmandos de braços cruzados.
Já que o Legislativo só legisla em causa própria, precisamos colocar a boca no trombone!
E o "Nas Entranhas da Terra" está aí para isso, assim como o seu blog "Nova Ótica", onde você também tem feito um excelente trabalho.
E a luta continua, companheira!
Saudações verdes.
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