O Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) revelou quinta-feira (18), na 11ª
Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP 11), um novo plano para
lidar com os níveis sem precedentes de perda da biodiversidade global.
A nova abordagem prevê o aumento de
investimentos para conservação da biodiversidade em 100 países até 2020.
A estratégia do PNUD é trabalhar com governos para salvar a
biodiversidade e administrar sustentavelmente os ecossistemas em 1,4
bilhão de hectares de terra e água, o equivalente às áreas da Austrália,
Índia e Argentina somadas.
“A sobrevivência humana depende
fortemente da biodiversidade e ecossistemas saudáveis, e ainda assim,
nas últimas décadas, o mundo está vivenciando uma perda de
biodiversidade sem precedentes e degradação dos ecossistemas, minando os
alicerces da vida na Terra”, afirmou Rebeca Grynspan,
sub-secretária-geral da ONU e administradora associada do PNUD.
“Como 1,2 bilhão de pessoas que vivem em
severa pobreza dependem diretamente da natureza para suas necessidades
básicas e meios de subsistência, isso precisa de atenção internacional
urgente”, acrescentou Grynspan.
O PNUD pretende encontrar, em parceria
com os governos, novas formas de financiar o manejo sustentável da
biodiversidade através de receitas nacionais, mecanismos financeiros
inovadores e financiamento de doadores de várias fontes.
Um dos exemplos é o Global Environment
Facility (GEF), que serve como o mecanismo financeiro da Convenção de
Diversidade Biológica (CBD) e tem sido um dos principais agentes de
conservação nas últimas duas décadas.
Os projetos desenvolvidos através dessa
nova estratégia deverão promover o crescimento econômico, criar
empregos, proteger espécies e habitats ameaçados e ajudar a criar
comunidades resilientes que mantenham áreas naturais para suporte
agrícola e como um ‘amortecedor’ contra desastres como secas e
enchentes.
Financiamento controverso
Mas
arranjar essas novas formas de financiamento pode ser mais difícil do
que se imagina, já que países desenvolvidos e em desenvolvimento estão
divergindo sobre a captação e aplicação de fundos para proteger a
biodiversidade mundial.
Segundo Achim Steiner, diretor executivo
do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), as nações
em desenvolvimento estão ajudando mais a preservar a biodiversidade do
que os países desenvolvidos.
“A contribuição das nações em
desenvolvimento para conservar a biodiversidade é significativa. As
nações desenvolvidas não podem argumentar que estão colocando mais
dinheiro na mesa”, comentou ele.
De acordo com Steiner, os países desenvolvidos ainda tem que fornecer o dinheiro prometido às nações em desenvolvimento para combater as mudanças climáticas. Além disso, o diretor executivo criticou o pouco investimento que os países ricos fazem para conservar a biodiversidade.
De acordo com Steiner, os países desenvolvidos ainda tem que fornecer o dinheiro prometido às nações em desenvolvimento para combater as mudanças climáticas. Além disso, o diretor executivo criticou o pouco investimento que os países ricos fazem para conservar a biodiversidade.
“Nas negociações internacionais o
dinheiro comprometido pelos países desenvolvidos é apenas caridade. Eles
deveriam se tornar coinvestidores na conservação da biodiversidade, já
que são também cobenfeitores”, declarou.
Steiner ainda censurou os investimentos
para frear a crise econômica e alertou que eles podem prejudicar os
fundos destinados ao setor verde.
“O dinheiro gasto em estabilizar a
economia deveria ser investido em tecnologias do futuro e não do
passado. Muitos países têm mostrado progresso no setor verde. No último
ano, a Índia teve o crescimento mais rápido no mercado mundial de
energias limpas e a China é um das principais polos de energia solar e
eólica, então os países podem tomar medidas para investir no setor
verde”, disse ele.
Mesmo assim, o diretor executivo elogiou
o aumento dos investimentos pelos países emergentes, e louvou a recente
iniciativa da Índia de prometer no evento US$ 50 milhões para a
conservação da biodiversidade.
“A maioria das áreas florestais
protegidas está em nações em desenvolvimento e os fundos orçamentais
para biodiversidade, ecossistemas, proteção da vida selvagem e
cumprimento da lei aumentaram nos últimos anos. A conservação da
biodiversidade se tornou uma parte importante da economia nacional”,
observou.
Mas apesar do discurso de Steiner, os
países desenvolvidos continuam a relutar em comprometer fundos na COP
11. Eles argumentam que linhas de base firmes devem ser desenvolvidas
primeiro, indicando quantos fundos já foram criados e quantos ainda são
necessários. No entanto, os países mais pobres rebatem que essa
justificativa está sendo usada para adiar os compromissos já assumidos.
América Latina
Nesta quinta-feira, o Banco Mundial lançou umrelatório durante
a CDB mostrando novas abordagens para o financiamento da preservação
dos ecossistemas. O documento apresenta experiências da América Latina e
Caribe, onde diversas fontes de recursos (públicos, privados e não
governamentais) estão sendo combinados.
Uma dessas histórias de sucesso, segundo
o banco, é o caso do estabelecimento do Fundo da Mata Atlântica no Rio
de Janeiro, financiado parcialmente com recursos da compensação
ambiental de empreendimentos com significativo impacto. O fundo estaria
possibilitando projetos em cerca de 20 áreas protegidas.
Nova estratégia pretende trabalhar com governos para encontrar formas de
financiar o manejo sustentável da biodiversidade, mas países ricos e
pobres ainda divergem sobre aplicação de investimentos na conservação
ambiental
Outro exemplo citado é o do estado do
Acre, que de acordo com o relatório, reduziu as taxas de desmatamento em
70%, mesmo com crescimento de 40% do PIB, através de medidas como
monitoramento de licenças das madeireiras, fiscalização, regularização
fundiária, entre outros.
Até amanhã, amig@s!
Fonte: Instituto Carbono Brasil
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