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sábado, 3 de novembro de 2012

Novo estudo aumenta evidências de que pesticidas comuns estão dizimando colônias de abelhas

A evidência de que pesticidas comuns podem ser parcialmente responsáveis pelo declínio no número de abelhas continua aumentando. Muitos estudos recentes têm mostrado que pesticidas conhecidos como “neonicotinoides” podem causar vários impactos em longo prazo em colônias de abelhas, incluindo menos rainhas, abelhas operárias que se perdem e, em alguns casos, um colapso total da colmeia.
Os estudos têm sido tão convincentes que recentemente a França baniu o uso de pesticidas neonicotinoides.
Agora uma nova pesquisa descobriu mais evidências do mal causado pelos pesticidas, incluindo que as abelhas que são expostas a mais de um químico, ou seja, neonicotinoides e piretroides, são mais vulneráveis.
Em áreas agrícolas, pesticidas não são pulverizados em um ambiente controlado, e insetos como abelhas podem ficar expostos não apenas a um tipo de pesticida, mas a todo um coquetel deles. Por isso, os pesquisadores da Universidade de Londres estavam curiosos para saber como as abelhas, que recentemente foram reduzidas em número em muitas partes do mundo, saíam-se quando confrontadas com uma mistura de diferentes químicos em vez de um só.
Os cientistas dividiram 40 colônias de abelhas em quatro grupos. Um grupo foi exposto ao imidacloprida, um pesticida da família dos neonicotinoides; um segundo grupo foi exposto ao gama-cialotrina, um piretroide; um terceiro grupo foi exposto a ambos os químicos; e o último grupo não foi exposto a nenhum.
As abelhas foram expostas a doses que seriam comumente encontradas em campo e foram então monitoradas por uma tecnologia de identificação de frequência de rádio (RFID).
Os pesquisadores descobriram que as abelhas expostas ao imidacloprida perderam 41% de suas operárias em quatro semanas, comparados com os 30% das colônias de controle. No geral, a produtividade das operárias diminuiu, significando menos comida para a colmeia e menos abelhas se desenvolvendo da fase de larva, descobertas que são apoiadas por pesquisas anteriores.
As abelhas expostas apenas ao gama-cialotrina experimentaram uma taxa mais alta de mortalidade para as operárias, chegando a 51%. Mas as abelhas expostas a ambos os químicos foram as piores, perdendo 69%.
Duas das dez colônias tratadas com ambos os químicos colapsaram completamente dentro de apenas quatro semanas.
“É certamente preocupante que ter essa combinação de pesticidas lá fora possa causar um impacto tão severo [...] apenas observamos dois pesticidas, mas sabemos que há centenas de pesticidas por aí”, disse um dos autores, Richard Gill, em um vídeo da Nature.
Esses impactos provavelmente também tornarão as abelhas mais vulneráveis a outras ameaças, como doenças.
Pesquisas anteriores também mostraram que a exposição a pesticidas pode resultar em Distúrbio do Colapso de Colônias (CCD) dentro de um período de meses. Cientistas dos EUA introduziram minúsculas doses de pesticidas neonicotinoides em 16 colmeias, e deixaram quatro colmeias não expostas. Nos primeiros meses, todas as colmeias de abelhas permaneceram saudáveis, mas depois de seis meses mais de 90% (15 de 16) das colmeias com pesticidas colapsaram, enquanto as quatro colmeias de controle continuaram saudáveis.
“Não há dúvida de que os neonicotinoides colocam um grande estresse sobre a sobrevivência das abelhas no ambiente”, afirmou um dos autores, Chensheng (Alex) Lu, professor associado da HSPH, ao mongabay.com em abril.
Levou um longo tempo para que os cientistas fizessem a conexão entre a saúde das abelhas e os pesticidas, em parte por causa da forma como os agroquímicos são testados. Quando em fase de testes, os cientistas procuram ver se os pesticidas são letais, por exemplo, se eles matam imediatamente insetos benéficos como abelhas. No entanto, o foco são os impactos “subletais” dos pesticidas, ou seja, os impactos que não matam definitivamente as abelhas, mas que as prejudicam em longo prazo.
O outro problema é testar em períodos curtos de tempo, enquanto os impactos subletais podem não se tornar claros por semanas ou mesmo meses. O quadro se torna ainda mais complicado quando se considera que os pesticidas podem tornar as abelhas mais vulneráveis a outros efeitos conhecidos, como a perda de habitat e doenças.
O declínio das abelhas se tornou uma grande preocupação, já que elas estão entre os polinizadores mais importantes do mundo, tanto para colheitas agrícolas quanto para plantas selvagens. Alguns produtores na América do Norte e na Europa observaram que 90% de suas colmeias colapsaram. Embora tais colapsos periódicos já tenham ocorrido no passado, provavelmente ligados a doenças, a crise atual parece muito pior. O valor econômico das abelhas apenas nos EUA foi estimado em US$ 8-12 bilhões.

Até amanhã, amig@s!
 
Fonte: Carbono Brasil

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